A AIDS foi reconhecida em meados de 1981, nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores de São Francisco ou Nova York. Eles apresentavam sarcoma de Kaposi , pneumonia e comprometimento do sistema imune Isso levou à conclusão de que se tratava de uma nova doença, ainda não classificada, de etiologia provavelmente infecciosa e transmissível.
Embora não se saiba ao certo qual a origem do HIV-1 e 2, sabe-se que uma grande família de retrovírus relacionados a eles está presente em primatas não-humanos, na África sub-Sahariana. O vírus da imunodeficiência símia (SIV), que infecta uma subespécie de chimpanzés africanos, é 98% similar ao HIV-1, sugerindo que ambos evoluíram de uma origem comum.
“O mundo está perdendo a guerra contra a AIDS”. As regiões mais pobres do planeta são as mais afetadas. Essa foi a constatação de um estudo elaborado pelo UNAIDS . Os resultados da pesquisa mostram que a epidemia pode estar, vagarosamente, diminuindo no mundo, mas as taxas de infecção ainda são crescentes. Em 2007 o número de pessoas vivendo com o HIV aumentou para 33,2. Estima-se que 2,5 milhões de pessoas foram infectadas pela primeira vez com o vírus em 2007 e que 2,1 milhões morreram no mesmo ano.
A África subsaariana continua sendo a região mais afetada. Acredita-se que 1,7 milhões de pessoas foram infectadas pela primeira vez na região em 2007. Em seguida, 4,9 milhões na Ásia. A América Latina segue com números estáveis. Cerca de 100.000 pessoas forma infectadas em 2007, totalizando um número de aproximadamente 1,6 milhão de pessoas.
O Boletim Epidemiológico 2007 apresenta dados sobre a proporção de pessoas que continuaram vivendo com AIDS em até cinco anos após o diagnóstico. O estudo foi feito com base no número de pessoas identificadas com a doença em 2000. Os dados apontam que, cinco anos depois de diagnosticadas, 90% das pessoas com AIDS no Sudeste estavam vivas. Nas outras regiões, os percentuais foram de 78%, no Norte; 80% no Centro Oeste; 81%, no Nordeste; e 82%, no Sul.
A análise dos dados mostra, ainda, que 13,9% dos indivíduos diagnosticados com AIDS no Norte, em 2000, haviam morrido em até um ano após a descoberta da doença. No Centro Oeste, o percentual foi de 12,7% e no Nordeste, de 12,1%. Na região Sul, o indicador cai para 9,1% e no Sudeste, para 3%. A média do Brasil foi de 6,1%. Em números absolutos, o Brasil registrou 192.709 óbitos por AIDS, de 1980 a 2006.
De acordo com o Boletim, de 1980 a junho de 2007, foram notificados 474.273 casos de AIDS no País – 289.074 no Sudeste, 89.250 no Sul, 53.089 no Nordeste, 26.757 no Centro Oeste e 16.103 no Norte. No Brasil e nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, a incidência de AIDS tende à estabilização. No Norte e Nordeste, a tendência é de crescimento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem uma epidemia concentrada, com taxa de prevalência da infecção pelo HIV de 0,6% na população de 15 a 49 anos.
Dentre as pessoas com maior índice de contaminação, estão os homens com idade entre 25 e 44 anos. Todavia, o número de mulheres infectadas, principalmente, mulheres com relacionamentos estáveis cresce nos últimos anos. Os números variam de acordo com a região. Na África, o número de homens infectados é muito superior ao das mulheres , porém, na América do Sul essa diferença está em constante declínio .
É possível identificar, baseados na exposição acima, que existe uma necessidade grande, na sociedade atual, de parceria entre a comunidade, os órgãos públicos e as instituições religiosas. Um diálogo que trate de forma séria e clara do avanço da AIDS, e do preconceito sofrido pelos portadores e portadoras do vírus HIV.
A Bíblia relata, no Evangelho segundo João, capítulo 10, versículo 10, as palavras de Jesus: “(...) eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” . O autor H. Richard Niebuhr diz: “Na verdade, a Igreja mesma deve ser descrita nestes termos como a comunidade que responde ao Deus-em-Cristo e ao Cristo-em-Deus” . As palavras descritas acima refletem a coerência do pensamento de Deus para com o ser humano e a expectativa presente sobre o papel da igreja.
Cremos que poderíamos traduzir a última palavra de Jesus, como: dignidade. Essa dignidade é explicitamente revogada a partir do momento em que se constata a infecção pelo vírus HIV. As pessoas contaminadas pelo vírus são expostas ao próprio preconceito e medo, assim como à angústia da solidão e da vergonha. Quando se pensa em contaminação pelo vírus da AIDS – termo comumente usado – associa-se essa idéia ao conceito de promiscuidade ou à dependência química.
A igreja cristã precisa, nesse momento de profunda necessidade de apoio, se portar como uma comunidade responsável para com Jesus e sua declaração. Entender que a “vida abundante”, ou a dignidade – como chamaremos aqui – é princípio do Reino de Deus e que só se é possível experimentar da salvação de Deus, quando esse resgate perpassa todas as áreas da vida do ser humano.
O autor H. Richard Niebuhr ainda diz que: “Torna-se claro que o conteúdo da responsabilidade da Igreja é amplamente determinado pela natureza daquele para quem ela presta contas. Desde que é Deus-em-Cristo para quem ela responde, o conteúdo de sua responsabilidade é universal” . Essa afirmação faz emergir um questionamento: Por que há um silêncio contínuo da igreja cristã em relação ao avanço da AIDS no mundo? Por que não há manifestações em prol das pessoas que necessitam de vida abundante? Por que não há forte engajamento da igreja cristã, no Brasil, pelos direitos de igualdade, respeito e justiça para as pessoas acometidas pela AIDS?
Uma Pastoral da AIDS deve ser mais que palavras, ou um mero livretinho de consulta. Deve sim, funcionar como orientadora de ações concretas que promovam a inserção das pessoas infectadas com o vírus HIV na sociedade e na comunidade de fé.
No livro Pastoral Urbana, a Profa. Dra. Magali Cunha afirma que: “A indiferença em relação às demandas sociais pode ser identificada no fato de bom número das igrejas permanecerem fechada durante roda a semana” . Essa indiferença é manifesta nas portas fechadas e nas “portas fechadas”. Na falta de manifestações de apoio, de visitação a centros de tratamento de pessoas com AIDS, na conscientização da comunidade de fé. “Igrejas fechadas” são rostos, sorrisos e abraços “fechados” às pessoas que precisam e tem direito à vida abundante em Jesus.
É tempo de dizermos: Eis-nos aqui!
sexta-feira, 8 de maio de 2009
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