terça-feira, 23 de março de 2010

O Sonho de Deus

Atos 2. 42-47; 4.32-35; Fp 2.1-5

Parece estranho dizer-se que “Deus Sonha”. Semelhantemente a nós, que somos “imagem e semelhança do Criador”, Ele sonha. O Seu Sonho é cheio de graça, amor, reconciliação e perdão. É desejoso de paz, relacionamentos afetivos pessoais, familiares e na Igreja.

É bom ter sonhos. Buscar segui-los e alcançá-los. Desde que o “ser humano” não aceitou o seu relacionamento com o Seu Criador, Deus começou a sonhar como “reconciliar-se com o mundo, as pessoas, o Universo”.

Quando eu vejo, analiso e penso na realidade da Igreja vejo que ela está longe do Sonho de Deus. Deus sonhou ter uma Igreja – Corpo Vivo de Cristo – unidade, com respeito uns pelos outros; uma comunidade onde flui o amor e o perdão; ninguém é superior à outra pessoa. Uma “Comunidade”, mais do que Instituição, com menos “burocracia” e mais vida. Comunidade de Fé. Adoração. Solidariedade. Serviço.

Um espaço de “acolhimento”, de levar os fardos uns dos outros, onde busca-se receber, ouvir, não impor, mas testemunhar o Evangelho da graça, do Perdão e da vida que há em Cristo.

Comunidade terapêutica, de cura das memórias, dos relacionamentos, do ser total. Comunidade que não se isola, mas tem a “porta aberta” para receber e sair em encontro das pessoas marginalizadas, abandonadas, sem vida e esperança.

Ele sonha com uma igreja cujo centro da fé é Cristo, a palavra dele seja o fundamento e ele seja o Senhor.

Deus sabe que não há magia... que tudo se consegue com luta e participação de forma progressiva e que o grande desejo Dele – a “nossa santificação pessoal, relacional e social” é conquistada sob a ação do Espírito Santo e o respeito, perdão e mútua cooperação de uns para com os outros.

Nesse momento especial da Igreja Metodista em Pinheiros, Deus está sonhando com vocês... que belo sonho!

Oração – Pai, dá a graça de ser uma igreja conforme os teus princípios, a tua vontade, o teu projeto e os teus sonhos. Isso somente é possível com a tua graça e a plena presença de Cristo em nós e em ter nós. Por Jesus, nosso Senhor, amém!

Reflexão: Como tenho entendido o sonho divino para a minha vida, família, igreja e sociedade?

Revmo. Nelson Luiz Campos Leite

Bispo Honorário da Igreja Metodista

Obrigado Bispo Nelson.

Abraços,

Pr. Thiago Pacheco

domingo, 21 de março de 2010

Carta de Repúdio

Nós, Conselheiras e Conselheiros do Conselho Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - CNPIR vimos através desta, repudiar a opinião expressada pelo excelentíssimo senador da república sr. Demóstenes Torres, Presidente da Comissão de Constituição Justiça e Cidadania do Senado Federal, no seu pronunciamento durante a Audiência Pública no Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF), no dia 03 de Março de 2010, que analisava o recurso instituído pelo Partido Democratas contra as Cotas para Negros na Universidade de Brasília.

Na oportunidade o mesmo afirmou que: as mulheres negras não foram vítimas dos abusos sexuais, dos estupros cometidos pelos Senhores de Escravos e, que houve sim consentimento por parte destas mulheres. Na sua opinião: Tudo era consensual!. O excelentíssimo senador da república Demóstenes Torres, continua sua fala descartando a possibilidade da violência física e sexual vivida por negras africanas neste período supracitado. Relembra-nos a frase: Estupra, mas não mata!!!.

O excelentíssimo senador Demóstenes aprofunda mais ainda seu discurso machista e racista, quando afirma que as mulheres negras usam de um discurso vitimizado ao afirmarem que são as vítimas diretas dos maus tratos e discriminações no que se refere ao atendimento destas na saúde pública. Que as pesquisas apresentadas para justificar a necessidade de políticas públicas específicas, são duvidosas e que nem sempre são confiáveis, pois podem ser burladas e conter números falsos.
Enquanto o estado brasileiro reconhece a situação de violência física e sexual sofrida pelas mulheres brasileiras, criando mecanismos de proteção como a Lei Maria da Penha, quando neste ano comemoramos 100 anos do Dia Internacional da Mulher, o excelentíssimo senador, vem na contramão da história e dos fatos expressando o mais refinado preconceito, machismo e racismo incrustado na sociedade brasileira.
Por isso, vimos através desta carta ao Povo Brasileiro repudiar a atitude do excelentíssimo senador Demóstenes Torres.

Ao tempo em que resgatamos a dignidade das mulheres negras e indígenas, que durante a formação desta grande nação, foram SIM abusadas, foram SIM estupradas, foram SIM torturadas, foram SIM violentadas em seu físico e sua dignidade. Aos filhos dos seus algozes, o leite do seu peito, aos seus filhos, o chicote. Não nos curvaremos ao discurso machista e racista do Senador! É inaceitável, que o pensamento dos Senhores de Engenho se expresse em atitudes no Parlamento Brasileiro.

Brasília, 05 de Março de 2010.

Amigos/as eu assino em baixo! Não se esqueçam que este ano é ano de eleição. Que tal darmos a resposta nas urnas?

Abraços,

Pr. Thiago Pacheco

A confiança em Deus traz paz ao coração.

"Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti".

Isaías 26. 3


Pra. Miriam Pacheco Loureiro Reis

Obrigado cara colega.

Abraços,

Pr. Thiago Pacheco

sábado, 20 de março de 2010

ERA TUDO O QUE EU GOSTARIA...

No dia do/a pastor/a

Eu desejo abraçar os/as amigos/as, ovelhas, sentir o calor humano que aquece a alma e o coração e recordar os afetos e o carinho de pessoas que se comprometem num “companheirismo de jugo”...

Eu desejo ver o sorriso das crianças, a alegria dos avós e a serenidade dos/as servos/as de Deus que conseguem enxergar a ação divina nas pequenas atitudes...



No dia do/a pastor/a

Eu queria chorar a dor que possa ter provocado em pessoas que pastoreei e chorar a dor, a maldade e a impiedade com que algumas ovelhas me trataram...

Eu queria lamentar como os salmistas fizeram no passado e reafirmar a minha fé e esperança no futuro sob graça de Deus...



No dia do/a pastor/a

Eu não espero ser homenageado, mas chamado de pastor, tão simplesmente chamado de pastor, ou mesmo de bispo, não pelo encargo do cargo, mas pelo carisma do ministério...

Eu desejo ouvir a voz das ovelhas que tão carinhosamente e confiadamente me chamam de pastor...



No dia do/a pastor/a

Eu queria ter a certeza de que as crianças de hoje, bem como meus filhos e futuros netos, que espero ter, encontrem a Igreja Metodista “metodista” e não precisem de inúmeras justificativas para explicar o inexplicável e tampouco terem que buscar outra comunidade de fé que evidencie uma vivência mais saudável e salutar do Evangelho...

Eu gostaria de dizer com toda a tranqüilidade e confiança que a graça de Deus, e não as gracinhas do homem e da mulher, é a base da doutrina, da vida e da missão da “nossa Igreja”...



No dia do/a pastor/a

Eu gostaria de aconselhar as minhas ovelhas para terem cuidado com os falsificadores, os falsificados, os dissimulados e os impiedosos que se vestem de espirituais para enganar e roubar a ingenuidade e a simplicidade das pessoas...

Eu gostaria de expressar sem medo de retaliações e perseguições que alguns modelos estereotipados que se instalaram em nossos apriscos são cismáticos e antagônicos ao modo de ser Igreja Metodista....

Eu gostaria de falar do estilo de liderança autoritário, calculista, frio, ameaçador... Falar de modelos de discipulado... modelos de práticas pastorais... e pedir para que Jesus seja o principal modelo de pastoreio...



No dia do/a pastor/a

Eu espero ver uma igreja acolhedora, terapêutica, solidária, educadora, missionária, libertadora, ministerial e inserida na realidade, ofertando amor em todo o tempo e para todos/as...

Eu espero encontrar os carvalhos de justiça plantados na casa do Senhor, como afirma o profeta Isaías em seus oráculos...



Revmo.Bispo Josué Adam Lazier

Obrigado bispo!

Abraços,

Pr. Thiago Pacheco

Fonte: http://www.metodista.org.br/index.jsp?conteudo=9825

sexta-feira, 19 de março de 2010

Tempo de gratidão!

“... Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua de jubilo, então entre as nações se dizia: grandes coisas o Senhor tem feito por eles, com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós por isso estamos alegres”.

Salmo 126. 2-3

Um momento gostoso em nossas vidas é viver um tempo de festa, alegria e acima de tudo gratidão! Você é capaz de pensar quantas coisas Deus tem feito por você, sua família e pela nossa igreja? Seja grato, isto vai fazer toda a diferença na sua vida! Agradecer é sempre bom! Preste atenção no que Deus está fazendo na sua vida, com certeza você se alegrará!

Rev. Marcos Antonio Garcia

Obrigado caro colega.

Abraços,

Pr. Thiago Pacheco

terça-feira, 16 de março de 2010

A Quem Você Presta Contas?

Prestar contas a alguém significa abrir a sua vida para alguns amigos cuidadosamente escolhidos e de confiança, que lhe dirão a verdade. Eles conquistaram o direito de examinar, de questionar e de aconselhá-lo. Salomão disse: “As feridas feitas por um amigo são melhores do que muitos beijos de um inimigo” (Pv 27:6 NLT). Pense nisso!

“O que se requer destes encarregados é que sejam fiéis.” 1 Coríntios 4:2 NVI

As pessoas que aceitamprestar contas geralmente possuem quatro qualidades. Verifique e veja se você as possui:

1) São vulneráveis – são capazes de saber quando estão erradas e de admiti-lo, mesmo antes de serem confrontadas.

2) São ensináveis – estão dispostas a ouvir, são rápidas em aprender, e estão abertas para receber conselhos.

3) Estão disponíveis – elas são acessíveis; você sempre pode encontrá-las.

4) São sinceras – elas odeiam tudo que é falso; são comprometidas com a verdade independente do quanto ela possa ferir alguém.

Você diz: “Este padrão é muito alto”. Você está certo. É um padrão com o qual o orgulho não consegue lidar e que os egos frágeis não tolerarão. Esses preferem parecer bons em lugar de serem bons!

Não me entenda mal – não estou sugerindo que qualquer pessoa tenha acesso à sua vida. Não, isto é perigoso. Eu disse alguns amigos escolhidos, confiáveis, discipuladores, mentores espirituais, pessoas que conquistaram o direito de andarem ao seu lado, e de fazerem, no momento oportuno, as perguntas certas. Elas darão a você uma nova perspectiva e com sabedoria, ajudarão a manter você nos trilhos. Paulo confrontou Pedro. Samuel confrontou Davi. Quem confronta você?

Fonte: Boletim O Atalaia - CRP12 (Enviado para o site do MAPI por Edson Lapa, presidente do conselho de pastores de Itapevi, SC).

Vivendo esperançosamente

“Quero trazer a memória o que me pode dar esperança”

Lamentações 3.21

A esperança do cristão está fundada na fé, é nela que nos agarramos quando as tempestades se agigantam. Ela nos dá uma certeza ativa e combativa, pois confiamos na força que vem do nosso Senhor e Salvador. Temos a possibilidade de olhar o passado e “trazer a memória” os grandes feitos de Deus em nossas vidas, relembrar quantas foram às vezes em que a fidelidade, e a “misericórdia de Deus são a causa de não sermos consumidos” (Lm 3.22).

Viva sua fé com alegria e esperança, pois o Senhor caminha ao teu lado.

Rev. Ronald da Silva Lima

Obrigado caro colega,

Abraços,

Pr. Thiago Pacheco

segunda-feira, 15 de março de 2010

Colocar-se a serviço do Senhor

"Então disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra.” Lucas 1.38a


O diálogo com Deus deu discernimento a Maria. Com o discernimento ela tomou a melhor decisão: colocar-se a serviço do Senhor! Isto fez dela a mais agraciada mãe.


Revmo. Bispo Stanley da Silva Moraes
Bispo da Igreja Metodista

Obrigado Revmo. Bispo.

Abraços,

Pr. Thiago Pacheco

“Se tu uma bênção”!

“E ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!" Gênesis 12.2

Deus, muito antes de chamar alguém para fundar uma igreja, chama a cada um e cada uma para ser bênção na família, no trabalho, entre os amigos, na sociedade e na igreja.

Nós, cristãos do nosso tempo, não somos nem melhores nem piores que os de ontem ou os que hão de vir. Só precisamos ser cristãos, só precisamos ser bênção!

Revda. Cristiane Capeleti Pereira
Igreja Metodista em Pinheiros - SP

Obrigado cara colega,

Abraços,

Pr. Thiago Pacheco

sábado, 13 de março de 2010

A parábola Avatar

Fui com a família assistir o filme Avatar. Junto com a pipoca, refrigerante, estacionamento, deu uns 70 reais. Meio salgado para a maioria. Mas de vez em quando a gente precisa sair da rotina e sentar na poltrona do cinema. Ainda mais quando trata-se de uma super produção que ganhou três Oscars em categorias técnicas - efeitos visuais, fotografia e direção de arte. Foi a primeira vez que coloquei os óculos futurísticos para ver um filme 3D – efeito três dimensões. A ficção científica resume-se numa guerra entre colonizadores humanos e nativos humanoides pelas riquezas naturais num planeta distante. É o ano 2154 no meio de uma crise energética na Terra. A solução é um mineral no planeta Pandora colonizado pelo ser humano. Mas o minério está no território sagrado dos nativos, e como a atmosfera de Pandora é tóxica para os terráqueos, o jeito foi inventar o avatar – uma criação hibrida que mistura ser humano e nativo do planeta. O avatar tinha a missão de espionar e facilitar a expulsão dos nativos. Mas tudo deu errado quando o ser humano Jake, que virou um avatar, “vira a casaca”, e lidera a revolta dos nativos. No final, Jake transforma-se em herói, salvando Pandora dos gananciosos e cruéis seres humanos.

O filme foi acusado nos Estados Unidos de ser propaganda contra o seu governo, onde os vilões são o general, o exército americano e as companhias exploradoras de minério do subsolo. Os heróis são os nativos, o "povo da floresta", que enfrentam o invasor americano. O recado parece ser este mesmo, sobretudo por aquilo que acontece no Iraque. Na verdade, em qualquer filme, novela, livro, sempre existe uma mente que tenta passar alguma mensagem. E dependendo de quem está no outro lado, a mensagem é interpretada de uma forma bem diferente. No meu caso, filtrei o filme na minha concepção teológica. Bem coisa de pastor. E assim criei no meu imaginário um avatar – Jesus Cristo.

Em Filipenses (2.6,7) está escrito: “Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos”. Acho que foi o diretor James Cameron que se inspirou em Jesus para escrever e dirigir Avatar. Com algumas diferenças, é claro. Mas as semelhanças são interessantes. Jesus deixa o seu reino, torna-se um “híbrido” Deus-homem, vence e expulsa os inimigos – o general Satanás, o exército da morte com suas armas nocivas, e as companhias exploradoras do subsolo da natureza humana. Se para alguns é pura ficção, mito, isto tem explicação: este também é um filme com efeito tridimensional. Sem os óculos da fé apenas se enxerga as imagens da dimensão material. Por isto Jesus disse: “Mas vocês, como são felizes! Pois os seus olhos vêem” (Mateus 13.16).

Valeu a pena assistir Avatar. Na saída devolvemos os óculos especiais e voltamos a enxergar as batalhas da dimensão terrena – os perigos do trânsito, a violência, o desrespeito, a ganância... Fiquei pensando: - Ah, como seria diferente se todos tivessem os óculos para enxergar a dimensão do amor de Deus. Mas está já é outra batalha...

Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
11 de março de 2010

Obrigado amigo por compartilhar

Abraços,

Pr. Thiago Pacheco

terça-feira, 9 de março de 2010

Eu sou o Bom Pastor

Texto base: João 10.11

1) Deus, o Pastor do seu povo.

Estamos chegando ao tempo de celebração da Páscoa, e seu memorial recorda que, no Êxodo, Deus demonstrou sua disposição de libertar e salvar o seu povo. Deus restaura a promessa; a Páscoa recorda o cuidado de Deus, por isso Ele é chamado o Pastor de Israel. O Salmo 23 declara isso: "O Senhor é o meu Pastor".

O profeta Isaías, ao anunciar o novo êxodo do exílio, reafirma a figura protetora, libertadora e consoladora do Pastor de Israel: "Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seio; as que amamentam, ele guiará mansamente." (Is 40.11).

Diante desta figura é que Jesus se apresentou como o bom pastor - João 10. Jesus, além de advertir sobre o falso pastor, que é ladrão, que usa, explora, rouba e mata as ovelhas, anuncia quais as características do bom pastor. Tais características são úteis à Igreja hoje, especialmente quando muitos tornam-se pastores da noite para o dia, falam na rádio, na televisão, etc. Precisamos conhecer o(a) verdadeiro(a) pastor(a), para podermos distingui-lo do falso.

No retiro com os Superintendentes Distritais, ouvi algo que sabemos, mas nem sempre praticamos: o grande diferencial da Igreja Metodista em relação a outras Igrejas é o pastoreio. Cuidar das vidas, discipulá-las, resgatar-lhes a Esperança que só Jesus dá. Dar-lhes uma comunidade de fé.

Vejamos:

2) "As ovelhas ouvem a sua voz".

Esta afirmação nos coloca numa situação muito difícil, pois há líderes que não reconhecemos como pastor, mas que têm um "grande rebanho", ou seria grande público? Há diferença? Com certeza. Jesus, por exemplo, teve um grande público, mas poucos seguidores. Há muitas pessoas que não querem ser ovelhas, não querem compromissos, preferem ser enganadas e irem enganando. O bom pastor fala em nome de Deus; não fala para agradar aos seus ouvintes, mas a Deus; a este, as verdadeiras ovelhas, as que de fato querem ser discípulos, querem ter compromisso com Deus, ouvem a sua voz; pois sabem que o bom pastor não fala só de cura e prosperidade, mas também de cruz, sofrimento, luta e vitória. Do caminho estreito que leva à vida, mas também da certeza da vitória em Cristo.



3) Ele conhece, pelos nomes, todas as suas ovelhas.

Aqui está o grande diferencial: Jesus conhece as suas ovelhas. O bom pastor também precisa conhecer as suas ovelhas. Isso significa conhecer qual é a fraca, a enferma, isto é, sabe das necessidades de cada uma, tratando-as com amor. Hoje, o culto para muitos é um show, onde muitos pastores se tornaram animadores de auditório e as ovelhas platéia; são rostos disformes e distantes: como conhecê-los? Como chamá-las pelos nomes? Para esses pastores, acabou-se o pastorado e o pastoreio; seus interesses são outros: a lã, a pele, a carne das ovelhas; são mercenários. Mas o bom pastor continua existindo. O bom pastor conhece as ovelhas pelos nomes, cultiva intimidade, chora com elas, alegra-se com elas. Este é o modelo metodista de pastorado. Pastores que apascentam o rebanho, que amam o seu rebanho, e, se necessário, deixam as 99 no aprisco e vão em busca da que se perdeu.

4) Ele guia as suas ovelhas pelas veredas da justiça.

Cabe ao pastor cuidar e guiar as suas ovelhas. Cuidar é conhecer as necessidades e supri-las, é impedir que a ovelha seja atingida; caso atingida, cuidar das feridas. Mas o bom pastor tem também o cuidado de ensinar o caminho seguro para as ovelhas e conduzi-las ao lugar de alimento abundante: a Palavra de Deus. O bom pastor precisa, como Jesus, ser portador de palavras de vida eterna. (cf. Jo 6.68). O bom pastor, ao conduzir as ovelhas, escolhe o caminho, pois sabe que o certo é estreito, difícil, porém é o caminho da verdade que conduz para a vida (cf. Mt 7.13-14). O bom pastor não ilude a ovelha, deixando-a andar por onde quer, antes, a adverte quanto às suas escolhas na vida; sejam escolhas boas ou más.


5) Ele vai adiante delas e elas o seguem.

O bom pastor é o exemplo de tudo o que ensina. Isso nos recorda o Apóstolo Paulo, quando, falando às suas ovelhas da Ásia Menor, diz: "Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo desde o primeiro dia em que entrei na Ásia,..." (At 20.18). Ou ainda o que ele recomendou à igreja em Filipos: "O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco." (Fp 4.9). Tenho ensinado e me imbuído que não basta aos pastores e líderes terem a reta doutrina, precisam acompanhá-la da reta prática. Este era o diferencial de Jesus: "Ele ensinava como quem tem autoridade".

As ovelhas não vão seguir um(a) pastor(a) cuja vida não confirma o seu ensino; não basta lançarem desafios de oração, jejum, vida santa, se tais ensino não podem ser vistos em suas próprias vidas. Ele é vanguarda, ele abre caminho para as ovelhas, e as conduz às águas tranquilas, mesmo no vale da sombra da morte ele as acompanha, e mais, vai à frente, mostrando o caminho seguro.



6) Ele dá a vida pelas ovelhas.

O bom pastor tem por prioridade o rebanho. O bem-estar, a cura, a salvação das ovelhas é a prioridade do bom pastor. Quando os guardas vieram para levar Jesus e os discípulos, Jesus se colocou à frente, impedindo que seu rebanho fosse preso em seu lugar: "Sabendo, pois, Jesus todas as cousas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais?" (Jo 18.4). "Então lhes disse Jesus: Já vos declarei que sou eu; se é a mim, pois, que buscais, deixai ir estes; para se cumprir a palavra que dissera: Não perdi nenhum dos que me deste". (Jo 18.8-9).

O bom pastor não somente dá a vida pelas ovelhas, como dá a vida às ovelhas. Quando nos tornamos parte do rebanho de Cristo, deixamos a vida sem perspectiva própria para ganharmos a vida abundante, eterna. Temos futuro também, pois além de desfrutarmos de uma nova vida agora, não tememos mais a morte, pois temos vida eterna, ou como disse o Apóstolo Paulo: "Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor." (Rm 8.38-39).

Eis o desafio do ministério pastoral metodista, assim como de cada igreja local: pastorear o povo, o bairro, ao estilo de Jesus, cuidando, amando e, se necessário, dando a própria vida pelas ovelhas, pois: "... quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa, achá-la-á". (Mt 16.25).

Bispo Paulo Lockmann

Obrigado Bispo Paulo,

Pr. Thiago Pacheco

Fonte: http://www.metodista-rio.org.br/conteudo.xhtml?c=211

domingo, 7 de março de 2010

Nem com uma flor!

Vivemos tempos terríveis e vergonhosos. Com grande freqüência assistimos a reportagens e, porque não dizer, testemunhamos manifestações de violência contra a mulher. Sem dúvida alguma conhecemos mulheres que já sofreram algum tipo de violência velada ou explícita, física, emocional ou psicológica. Crescem assustadoramente os casos registrados, porém, não podemos nos esquecer daqueles que não são mencionados pela vergonha, o medo e a coerção. Diante disso, o que temos feito? Como você e sua Igreja têm se posicionado sobre essa questão?

Trago essa reflexão com base no cotidiano da vida, de situações que conhecemos; mas também, apresento essa reflexão, esse estudo, com base na Palavra de Deus e na iminente responsabilidade que ela nos apresenta de propagarmos os princípios do Reino de Deus, no qual todos e todas são merecedores de respeito, dignidade e vida plena. Por fim, apresento essas palavras no intuito de relembrar que o Dia Internacional da Mulher (08/03) é mais que uma data comemorativa; esse dia representa a homenagem às aproximadamente 130 mulheres que morreram carbonizadas pela intolerância androcêntrica e pela ganância capitalista desenfreada; bem como, às inúmeras anônimas que diariamente confrontam as adversidades da vida para manter suas famílias, lares e igrejas vivas.
Assim sendo, relembro o que nos diz a carta aos Efésios em seu capítulo 5 versículos de 22 a 33:

As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do seu corpo. Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja. Não obstante, vós, cada um de per si também ame a própria esposa como a si mesmo, e a esposa respeite ao marido.

Penso que, antes de tudo, seja necessário ressaltar que este texto foi, infelizmente, interpretado, e ainda o é, de forma errada. Ele não justifica a escravidão, a violência, a anulação de direitos, ou a subserviência da mulher ao homem, da esposa ao marido, da noiva ao noivo, da namorada ao namorado. Penso, também, que seja importante ressaltar que as manifestações impulsivas acerca de tendências machistas sobre o texto, colaboram para que o mesmo seja deixado de lado, o que nos impede de entender os mistérios contidos nas palavras bíblicas. Portanto, eu convido a você que está lendo esse estudo a se despir de conceitos e preconceitos para experimentar a revelação da graça de Deus em você e através de você, sob a perspectiva do Reino de Deus.

O autor bíblico nos oferece uma magnífica construção literária acerca do relacionamento entre a mulher e o homem, entre o marido e a esposa; e ele o faz usando uma ferramenta que nos auxilia a compreender esse mistério, que é a comparação. Ele usa a relação entre Cristo e a Igreja para exemplificar como deve ser a relação entre o casal.

As mulheres, portanto, devem “ser submissas” (υποτασσω) , ou seja, devem render-se ao conselho e organizar-se sob “o controle”, a proteção de seu próprio marido, numa atitude voluntária de cooperação, assumindo a responsabilidade que lhe é devida, rendendo-se à admoestação benévola do esposo, mutuamente concordando sobre a organização e os apontamentos a serem seguidos. Ela deve se sujeitar ao próprio marido da mesma maneira que faz ao Senhor, Cristo, que é o cabeça da mulher e da Igreja; pois o marido é como Cristo, ou seja, ele reflete as qualidades de Cristo, age da mesma forma que o Senhor. Assim, como a Igreja está sujeita a Cristo, esteja também a mulher sujeita ao seu próprio marido, pois este é o “salvador”, o preservador (σωτηρ) do corpo.

Essa primeira parte do texto, e do nosso estudo, já nos aponta alguns caminhos que devemos seguir para testemunharmos os princípios do Reino de Deus. Devemos combater toda e qualquer forma de violência, pois assim como Cristo protege e preserva a Igreja, os maridos devem proteger e preservar o corpo de suas mulheres. Creio que nesse momento seja necessário apresentar um conceito importante: somos seres holísticos . Isso significa que a violência emocional e psicológica são tão nocivas e repulsivas quanto a física. Suas marcas são tão dolorosas quanto as que podemos perceber, ver e tocar, no corpo.

O texto bíblico continua e direciona suas palavras ao marido especificamente. Este deve amar sua mulher tendo por base a mesma maneira que Cristo amou sua Igreja e o amor que ele tem por si mesmo. São dois os parâmetros, o primeiro se revela na relação com Cristo, o Senhor; o segundo na relação consigo mesmo, no mistério do amor ao próximo (Mt 22.37-40). Esse amor (αγαπαω) está relacionado ao gostar muito de alguém, acolhendo e recebendo com alegria e satisfação.

Dessa forma, o marido se entregará (παραδιδωμι) , ou seja, se apresentará em lugar dela, fornecendo o que lhe é necessário, suprindo suas necessidades, doando-se por sua esposa para: Santificá-la (αγιαζω) – consagrá-la e dedicá-la a Deus, como algo sublime; Purificá-la (καθαριζω) pela lavagem (καθαρος) de água pela Palavra (ρημα) – anunciar em viva voz que ela é digna e respeitosa, livre de toda culpa e que suas feridas estão sendo tratadas; Apresentar a si mesmo igreja (καλεω – que recebeu o nome de) gloriosa – alegrar-se em razão de a esposa ser idônea e sem deformidade moral (σπιλος – mácula, ruga e coisas semelhantes).

Essa segunda parte do texto, e deste estudo, nos apresenta a relação intrínseca entre o marido, Cristo e a esposa, sob a perspectiva do mandamento deixado pelo Senhor da Igreja e o cabeça da mulher, o qual é, também, o modelo do marido. O amor acolhedor tem como propósito a consagração, a defesa pública e a auto-satisfação pela idoneidade da esposa. Assim sendo, ambos, mutuamente, se amam, suprem as necessidades e cuidam do relacionamento entre si e com Cristo.

Por fim, o texto apresenta a finalidade pela qual tais palavras foram escritas: “Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne.” O casamento é a maravilhosa ação de compartilhar a vida a dois, sem reservas e sem medo. O ensino bíblico não está motivando ninguém a rejeitar sua herança familiar, nem a renegar pai e mãe, mas está mostrando um caminho excelente no qual a vida é re-criada pela união sadia do marido e da esposa. Serão os dois uma só carne, mostra que suas peculiaridades, as características individuais de cada ser mantém-se, mas são harmoniosamente amoldadas ao novo estado de vida, no qual não são dois, mas um. Nesse processo, a esposa descansa segura sob a orientação do marido e lhe dá a importância e atenção devidas, pois este reflete Cristo.

Finalizando este estudo, desejo reafirmar firmemente que nós, Igreja Metodista, rejeitamos veementemente toda e qualquer forma de violência, velada ou explícita, e que temos um compromisso com o Reino de Deus de proclamar e defender as Boas Novas de salvação para todas as pessoas.

Que o Senhor da vida nos abençoe e conceda a revelação plena da Sua graça, que restaura em nós e através de nós a vida completa que Jesus Cristo deseja nos dar.

Em Cristo,
Pr. Thiago Pacheco
Igreja Metodista em Jardim América
Pastor Titular