sábado, 3 de abril de 2010

Jesus: O Servo Sofredor

Isaías 53

1) O servo sofredor, uma mensagem em Isaías.
O ebed yavé - servo sofredor - seria o grande tema da segunda parte do livro de Isaías (Is 40-55). Ali, como uma figura, é idealizado Israel, Jacó, Abraão, o servo do Senhor. Conforme o texto: “Mas tu, ó Israel, servo meu, tu, Jacó, a quem elegi, descendente de Abraão, meu amigo, tu, a quem tomei das extremidades da terra, e chamei dos seus cantos mais remotos, e a quem disse: Tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei, não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.” (Is 41.8-10); “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios” (Isaías 42.1); “Agora, pois, ouve, ó Jacó, servo meu, ó Israel, a quem escolhi.” (Is 44.1) “Quem há entre vós que tema ao SENHOR e que ouça a voz do seu Servo? Aquele que andou em trevas, sem nenhuma luz, confie em o nome do SENHOR e se firme sobre o seu Deus. ” (Is 50.10).
Todos esses textos são ora a idealização da figura de Jacó, outras o próprio profeta, mas fica notório que em Isaías 53 a figura do profeta sofredor é uma descrição muito real da vida, ministério, morte e ressurreição de Jesus. Isto é tão verdade para nós cristãos que o próprio Novo Testamento já reconhece isso: o apóstolo João, ao falar da incredulidade dos judeus, usa o texto de Is 53.1, dizendo: “... para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?” (Cf. Jo 12.38). Mateus, referindo-se às curas milagrosas de Jesus, diz: “... para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças.” (Mt 8.17). Nas cartas de Paulo, 1 Pe, são frequentes as citações a Isaías, especialmente a Isaías 53. O hino do servo sofredor para nós cristãos aponta Jesus, o Messias.
2) Elementos do Servo sofredor na vida e ministério de Jesus. Is 53.
Vamos mostrar como o texto forma um "tipo", ao qual Jesus incorpora os traços em sua vida.
a. "Quem creu em nossa pregação?” (Is 53.1)
Isaías não encontrou muitos adeptos em sua mensagem profética e chamou Jerusalém de Sodoma-Gomorra. (Is 1.10). Chamou os sacerdotes de falsos, maus e com as mãos sujas de sangue, dos pobres das viúvas e dos órfãos e exortou-os a: "cessar de fazer o mal". Isaías denunciou a ética maligna que imperava em Israel: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!” (Is 5.20) com a mensagem neste tom, buscando mais agradar a Deus que aos homens, Isaias não conquistou a simpatia dos seus conterrâneos. Por isso, a pergunta que abre o versículo 1, ou seja, um desafio a crer e converter-se e mudar de vida.
Incredulidade é típico da natureza humana, inclusive dos religiosos. Vejamos como Jesus enfrentou isso. No evangelho de João, Jesus tem longas discussões com os religiosos judeus, por causa da incredulidade deles: “Não penseis que eu vos acusarei perante o Pai; quem vos acusa é Moisés, em quem tendes firmado a vossa confiança. Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” (Jo 5.45-47). Jesus foi preso, espancado e crucificado por causa da incredulidade dos religiosos, das autoridades e mesmo dos seus discípulos: “Se tu és o Cristo, dize-nos. Então, Jesus lhes respondeu: Se vo-lo disser, não o acreditareis; também, se vos perguntar, de nenhum modo me respondereis.” (Lc 22. 67-68).
Que tipo de mensagem é a nossa? Estamos realmente denunciando o pecado? Chamando ao arrependimento, à conversão, à mudança de vida? Foi isso que Isaías e Jesus, nosso Salvador, pregaram: “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra. Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse.” (Is 1.18-20). Ou nossa mensagem está sendo mais de promessas e bênçãos, sem conversão, arrependimento e confissão?
b. Não tinha aparência nem formosura... Era desprezado... (Is 52. 2-3)
A sequência mostra o aspecto nada atraente do pregador, do profeta, do servo sofredor, do Messias. Aqui, não se trata de aparência física tão somente, mas o que se enxergava na maneira de viver do profeta. Para ilustrar, tomemos a figura de João Batista . O que diz o texto? “As vestes de João eram feitas de pelos de camelo; ele trazia um cinto de couro e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.” (Mc 1-6). A figura não é atraente, suas vestimentas não eram de linho, nem mesmo de pano de saco, mas de pelo de camelo. Sim, não tinha aparência nem formosura. E hoje? Apóstolos, bispos, pastores correspondem a tal tipo? Ou será que o prioritário para nos é exatamente a aparência? Jesus mesmo vestia-se modestamente, e recomendou a seus seguidores: “...nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.” (Mt 10.10). Quanto aos religiosos judeus, o que Jesus disse não foi nada elogioso: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas, interiormente, estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia!” (Mt 23.27).
A própria ética do mundo é seduzir as pessoas ao consumo. enfeitando os produtos, criando necessidades que não temos. Vivemos cercados de propaganda enganosa. Para consumir. nos endividamos nos cartões de crédito, e uma conta de R$ 1.000,00, devido aos altos juros, logo se transforma em R$ 2.000,00, tudo por causa do encantamento da aparência. O dinheiro, o consumismo nos engole e ficamos cativos, ajuntando "tesouros" na terra e não no céu, como ensinou Jesus.
c."... ele tomou sobre si as nossas enfermidades [...] o castigo que nos traz a paz estava sobre ele..." (Is 53. 4-6)..
Esta foi a tarefa do servo sofredor, do messias Jesus. Tomar sobre si as dores do povo, as enfermidades, os pecados. Afinal, já dissera o salmista: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia.” (Sl 32.3). Jesus encarnou isto: o pecado que torna enfermo o ser humano foi assumido por Jesus através de sua morte que o acompanhou por todo o seu ministério. Jesus lidou com a doença e com o pecado sempre com amor e misericórdia, assim foi com a mulher sirio-felicia, com a mulher adúltera, com Zaqueu e tantos outros. A Igreja primitiva viu nas curas que Jesus operava um aspecto do perfil do servo sofredor como o Messias. Sobre isso, reafirma Mateus: “... para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças.” (Mt 8.17). Atos dos Apóstolos demonstra também o uso de Isaías 53 de modo claro: “Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era esta: Foi levado como ovelha ao matadouro; e, como um cordeiro mudo perante o seu tosquiador, assim ele não abriu a boca. Na sua humilhação, lhe negaram justiça; quem lhe poderá descrever a geração? Porque da terra a sua vida é tirada. Então, o eunuco disse a Filipe: Peço-te que me expliques a quem se refere o profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro?” (At 8. 32-34).
Paulo, sobre o sacrifício expiatório de Jesus e a justificação dele decorrente, constrói a sua teologia da salvação; vejam os textos seguintes: “E não somente por causa dele está escrito que lhe foi levado em conta, mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.” (Rm 4.23-25), e “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.” (1 Co 15. 3-4). O próprio apóstolo demonstra sua comunhão dos sofrimentos de Cristo: “Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus.” (Gl 6.17). Por fim , faço minhas palavras as palavras do apóstolo Pedro: “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados”. (1 Pe 2.21-24).
Que Deus continue abençoando a sua vida, esta é minha oração.

Em Cristo,

Bispo Paulo Lockmann

Obrigado Bispo Paulo,

Abraços,

Pr. Thiago Pacheco

Fonte: http://www.metodista-rio.org.br/conteudo.xhtml?c=25

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