No último dia 24 Celebramos o dia da Constituição. É bem possível que você nem soubesse que esse dia existe, nem mesmo que ele é lembrado e celebrado nos calendários litúrgicos. Sem dúvida, o fato de termos reservado em nossas agendas um dia como este nos impele a refletir sobre o que é a Constituição, para que e quem ela serve, e se de fato celebrar o seu dia é uma mera formalidade ou um gesto pátrio de homens e mulheres que reconhecem em suas propostas o desejo ímpar de promover e defender a vida de todas e todos. Concomitantemente, temos muito próximo o Dia da Não-Violência, celebrado em 31 de janeiro. Penso que não é coincidência que esses dois dias sejam lembrados tão próximos um do outro. Fato é que suas menções são importantes, principalmente como fonte de esperança de dias melhores à todas as pessoas que acreditam que este ano que se inicia será melhor, mais proveitoso, mais generoso e acalentador. Por isso, ao dizermos: “Há lei? Ô, se há!”, reafirmamos que acreditamos na vida e em todos aqueles que a defendem e promovem, não pela imposição da lei, mas com o auxílio dela.
Acredito que o Artigo 5 da nossa Constituição seja o mais conhecido, não só no meio jurídico, mas entre todos nós que somos leigos no assunto das leis, mas que de alguma maneira nos importamos com ela, pois vemos nela um poderoso instrumento de promoção e defesa da vida digna e igualitária para todas as pessoas. Não desejo citar cansativamente o texto da nossa Constituição, porém apenas o artigo 50 e seu inciso III dado o motivo deste artigo. “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos da lei: (...) ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante;”
Um ano que se inicia traz consigo o desejo e a esperança de dias melhores. Costumamos dizer que as coisas por aqui no Brasil só começam mesmo após o Carnaval, sei que para muitas pessoas em muitas situações isso é verdade, todavia, este ano já começou para milhões de brasileiros e brasileiras que, privados da abrangência das tão belas palavras acima citadas, são alvo da violência velada ou explícita e, em razão disso, se perguntam: Há lei? Talvez por desconhecimento de seus direitos e do texto constitucional, talvez por negligência das autoridades competentes; fato é que essas irmãs e irmãos de pátria precisam de palavras de esperança e solidariedade no momento da dor, da perda, do sofrimento e do luto. Essas pessoas precisam que homens e mulheres que acreditam e defendem a vida, assim como a promovem , pela ação cidadã, a retirada das palavras constitucionais do papel, implementando-as à realidade cotidiana das famílias brasileiras.
Isto é a Constituição Federal, uma fonte de vida e esperança descrita na forma de lei. Por isso ela foi escrita, para garantir que a justiça restauradora suplante a coerciva e gere assim incontáveis situações de Não-Violência para aquelas e aqueles que são alvo dessa justiça, ou seja, todas as mulheres e todos os homens desta “Pátria amada, mãe gentil”. Celebrar esses dias tão importantes não é mera formalidade, mas um ato de recordar que a vida supera a morte e que juntos podemos construir um ano melhor, um país melhor, uma vida melhor para todos nós.
Que Deus seja conosco!
Um abraço fraternal,
Pr. Thiago Pacheco
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Jesus vem ao nosso encontro.
Texto: Lc 4.16-30
O evangelho de hoje conta que Jesus foi para Nazaré, lugar onde ele foi criado desde a sua infância até os 30 anos. Ali, ao longo de todo esse tempo, acompanhou sua mãe nos afazeres de casa e, seu pai, na carpintaria. Ele era conhecido de todos e esteve em contato com todos ao longo de todos aqueles anos. Depois do milagre das bodas em Caná, ele desceu com sua família para Cafarnaum, onde passou não muitos dias. Agora, ele retornou a Nazaré com a fama dos seus feitos já correndo entre eles.
Assim que chegou em Nazaré, foi à sinagoga conforme seu costume. As sinagogas tinham leitores oficiais: Normalmente era um homem competente, membro da sinagoga, que fazia as leituras. Eles liam primeiro uma porção do Pentateuco e, depois, uma dos Profetas. O Pentateuco era lido, sem comentários; mas, a leitura dos Profetas poderia ser seguida de comentários, se o leitor assim o quisesse. O leitor ficava em pé, enquanto lia e, assentado, quando fazia seus comentários.
Os livros estavam em pergaminhos, e eram conservados em rolos. Jesus leu o rolo do profeta Isaías. Ele não pediu esse rolo; este foi-lhe dado. É uma divina coincidência ler o profeta Isaías, que é considerado o evangelista entre os profetas. Ele procurou a porção que queria ler. A leitura era feita pausadamente em hebraico e, depois, era feita a tradução para o aramaico.
Jesus começou a ler: O Espírito do Senhor está sobre mim. Isso foi visto, de modo excepcional, no seu batismo, quando o Espírito Santo desceu sobre ele em forma de pomba. Jesus foi Ungido para o mais elevado trabalho: Pregar as boas novas aos pobres. Os pobres aos quais o termo aqui se refere são aqueles que têm a atitude de profunda humildade e vazio diante de Deus, que sabem que nada podem oferecer a Deus e que só podem parar diante da graça de Deus e serem enchidos por ela. É a atitude da verdadeira contrição da qual falou João Batista e na qual Jesus tanto insistiu em todo o seu ministério.
Depois, na seqüência do texto, os pobres são comparados a cativos. A imagem não é a de prisioneiros numa jaula; mas de prisioneiros de guerra que são levados ao exílio pelos conquistadores. Assim, o texto descreve a ação do diabo, que toma os homens como cativos, de maneira que não podem escapar por meios próprios. Jesus tem a missão de proclamar libertação a esses cativos. A palavra libertação usada aqui é empregada em todo o novo testamento para designar perdão dos pecados. O anúncio da mensagem de Jesus não é o de uma mensagem vazia, de uma promessa falsa, fantasiosa, não é uma palavra de ordem e de lei que os cativos têm que cumprir; não requer esforço deles, pois eles não podem fazer nada. É uma sentença, uma notícia, que transfere esses cativos de Satanás para o reino de Deus, por causa da obra redentora de Cristo.
“A restauração da vista aos cegos” é uma outra figura que traduz o estado de pobreza do ser humano diante de Deus. Aquelas pessoas para as quais Jesus estava falando conheciam a palavra de Deus, mas que foram obscurecidas pelo pecado e conduzidas às trevas do paganismo.
A figura dos pobres ainda é qualificada como quem é comprimido e estilhaçado pelo pecado. O pecado é o fascínio mais ilusório que alguém pode ter, pois não faz o ser humano feliz; não o promove, nem liberta; mas, aprisiona, aperta e estilhaça a vida da pessoa. Por isso, o trabalho do Salvador é garantir perdão, fortalecer a fé e dar liberdade. Ele restaura a alegria e dá a paz. Isso é o que significa pôr em liberdade os oprimidos.
Jesus veio para Apregoar o ano aceitável do Senhor. Essa era a tarefa áurea do Messias. O ano aceitável do Senhor é uma referência ao fato que, no Antigo Testamento, a cada 50 anos, as dívidas eram perdoadas, os escravos eram libertados, as propriedades vendidas sob penhor eram devolvidas. Era chamado de ano da graça de Iahweh. Isaías chama de ano aceitável. Isso é o resultado do que Jesus veio trazer: Ele veio pregar que o ano aceitável do Senhor chegou, e Ele estava ali para levá-lo a efeito. É por isso que ele disse: Hoje se cumpriu as Escrituras que acabais de ouvir. O que estava acontecendo é que a própria Palavra, Cristo, estava lendo a Palavra para eles.
Jesus passou a ensinar-lhes. O que ele estava falando, certamente, era conhecido deles; mas, a incredulidade tinha fechado seus corações. O que fez com que aqueles homens rejeitassem a Jesus foi o fato que as palavras de graça e sabedoria incomparáveis que ouviram vieram dos lábios de um nazareno que eles conheciam muito bem, tanto que eles mencionaram a família de Jesus e a ocupação de José. Apesar de todas as suas palavras atrativas, eles não poderiam crer que ele era o Messias.
Jesus, então, colocou o dedo na ferida da sua insatisfação. Ele demonstrou a sua onisciência, conhecendo os pensamentos de rejeição e incredulidade deles. Em outras palavras, ele disse: Está mais uma vez provado por vocês, nazarenos, que um profeta não é aceito na sua própria terra, como não estou sendo aceito por vocês aqui, onde eu vivi. Vocês deveriam ser os primeiros a crêem em mim, mas são os primeiros a me rejeitar por completo.
Ele continuou falando. Lembrou a história de dois grandes profetas do Antigo Testamento: Elias e Eliseu, por meio dos quais Deus fez dois grandes milagres que beneficiaram pessoas estrangeiras. E isso quer dizer que as dádivas da graça de Deus não são recebidas por causa da nacionalidade ou qualquer outra coisa externa. Nada, nem ninguém, vão coagir Deus a agir. Ele distribui as suas dádivas não de acordo com o mérito humano, mas de graça e por bondade.
Jesus tinha vindo para Nazaré com propósitos claros de anunciar a palavra de Deus ali. Mas, os nazarenos eram presunçosos e concluíram por levar Jesus para fora, para o alto de um monte, para de lá o precipitarem. É interessante que eles não se incomodaram de tentar matar Jesus num sábado. O texto nos dá a entender que Jesus andou calmamente pela multidão sem ser molestado por ela. Como ele fez isso? Com o seu poder onipotente. O evangelista Mateus acrescenta que Jesus não pôde fazer sinais ali por causa da incredulidade deles. O texto conclui, dizendo que Jesus se retirou dali. Esse fato é dramático! Depois disso ele desceu para Cafarnaum e ensinava a palavra de Deus. Baseados no texto do evangelho, queremos meditar sobre o tema: Jesus vem ao nosso encontro.
O sermão de Jesus denunciou a situação de pobreza dos nazarenos. As palavras que leu dirigiam-se a eles. O seu convite de graça, misericórdia e amor também. Jesus os chamou – pobres, cativos, cegos e oprimidos - a virem a ele em sincera humildade e penitência. Qual foi a reação daqueles homens? Rejeitaram por completo a Jesus e ao seu convite. Mostraram seu coração arrogante, presunçoso, de quem não se acha pobre e carente diante de Deus, de quem pensa que não precisa do salvador. Jesus queria que a sua palavra se cumprisse não apenas nos ouvidos, mas nos corações daquelas pessoas. Infelizmente, seus corações estavam endurecidos. Qual a desculpa com a qual rotularam a sua incredulidade e rejeição a Jesus? Ele era Nazareno, conhecido de todos. A inveja, a arrogância e a dureza de coração daquelas pessoas vieram à tona. Eles estragaram o resultado das palavras de graça de Jesus, rejeitando-a totalmente.
Que atitudes nossas nos assemelham aos nazarenos do texto? O fato de não nos reconhecermos pobres, cativos, cegos e oprimidos, e não reconhecermos que Jesus vem ao nosso encontro para nos socorrer e ajudar. Por vezes, nossos corações são tomados de dureza, impenitência, incredulidade. Também, por vezes, rejeitamos o convite de Jesus de vir a ele vazios e nos colocarmos diante da sua graça para sermos por ela preenchidos. Impedimos que a palavra de Jesus se realize em nosso coração, deixamos de ouvi-la com reverência, atenção e regularidade, e nos escondemos atrás de desculpas, tentando diminuir nossa condição pecaminosa. Assim, também estragamos os resultados da palavra de Jesus.
Os nazarenos foram lembrados por Jesus que, seus antepassados, rejeitaram os profetas de Deus. O problema é que eles não estavam rejeitando a pessoa que prega a palavra, mas o próprio Deus. Também agimos assim quando não aproveitamos as oportunidades de ouvir a palavra de Deus, quando deixamos de vir a Igreja para participar dos cultos, quando deixamos passar momentos importantes nos quais Deus quer falar ao nosso coração pela palavra. Assim o povo de Nazaré, que tinha o Salvador diante dos seus olhos, fechou as portas para
a pregação de Jesus, e Jesus retirou-se dali. Por isso, não tinham que culpar ninguém, senão a si mesmos, caso a condenação lhes sobreviesse. Nós também temos o Salvador diante dos nossos olhos nas muitíssimas oportunidades que Deus nos dá de termos acesso à palavra e sacramentos, e se o rejeitarmos, não temos que culpar ninguém outro, senão a nós mesmos, caso a condenação nos sobrevenha.
Jesus foi a Nazaré com o propósito específico de anunciar a boa notícia da salvação aos nazarenos. Ele foi levar a mais excelente notícia aos pobres: Eles tinham, diante de si o Salvador, que veio libertar os cativos, dar a vista aos cegos, dar liberdade aos oprimidos e anunciar que a graça e o amor de Deus estavam ali, diante dos seus olhos. Essa mais maravilhosa notícia também vale para nós: Jesus vem ao nosso encontro! Aquele nazareno é o Salvador do mundo, que deu a sua vida para resgatar, livrar e salvar todos nós. A incredulidade e dureza de coração, tão comuns ao nosso coração, são arrancados pelo poder extirpador do perdão dos pecados, conseguido pelo Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ali estava o Verbo que se fez carne e que deu a sua vida à morte de cruz e ressuscitou para que os pobres, os cegos, os cativos, os oprimidos – todos nós – recebamos perdão, vida e salvação.
Jesus vem ao nosso encontro. Como ele faz isso? Através dos meios que ele escolheu: O Batismo, a Pregação da palavra de Deus e a Santa Ceia. Ele nos dá muitas e ricas oportunidades para termos acesso a esses meios: Cada culto, estudo bíblico, cada momento de leitura da palavra de Deus, é uma oportunidade extraordinária para ouvir o Salvador falar ao nosso coração. A maior motivação para virmos a Igreja e para mantermos um programa de leitura diária da palavra não é cumprir uma formalidade religiosa ou fazer boa obra para conquistar o favor de Deus; mas aproveitar da melhor maneira o momento rico de encontro com o nosso salvador; nós - pobres, cativos, cegos, oprimidos, - com o Salvador, que se fez pobre para nos enriquecer, que nos liberta de toda a escravidão que o pecado quer nos impor, que nos livra da cegueira da incredulidade e nos dá a liberdade das amarras do pecado que tanto nos oprimem e estilhaçam.
Assim, Jesus foi ao encontro dos nazarenos e manifestou a sua glória a eles. Eles o rejeitaram, e Jesus retirou-se dali. Jesus vem diariamente ao nosso encontro, na palavra e sacramentos. Qual será a nossa reação? Queremos acolhê-lo em sincera humildade, arrependimento e fé, suplicando que ele permaneça entre nós e realize em nós o seu trabalho: Perdoar nossos pecados, fortalecer a nossa fé, dirigir e guiar a nossa vida e equipar-nos para o serviço em seu reino. Que Deus nos ajude. Amém!
Rev. Silvio F. da Silva Filho
Igreja Evangélica Luterana do Brasil - Paróquia Paz de Vila Velha
Cristo para Todos - Compartilhando Experiências da Vida Com Deus
Vila Velha - ES
Obrigado caro colega.
Abraços,
Pr. Thiago Pacheco
O evangelho de hoje conta que Jesus foi para Nazaré, lugar onde ele foi criado desde a sua infância até os 30 anos. Ali, ao longo de todo esse tempo, acompanhou sua mãe nos afazeres de casa e, seu pai, na carpintaria. Ele era conhecido de todos e esteve em contato com todos ao longo de todos aqueles anos. Depois do milagre das bodas em Caná, ele desceu com sua família para Cafarnaum, onde passou não muitos dias. Agora, ele retornou a Nazaré com a fama dos seus feitos já correndo entre eles.
Assim que chegou em Nazaré, foi à sinagoga conforme seu costume. As sinagogas tinham leitores oficiais: Normalmente era um homem competente, membro da sinagoga, que fazia as leituras. Eles liam primeiro uma porção do Pentateuco e, depois, uma dos Profetas. O Pentateuco era lido, sem comentários; mas, a leitura dos Profetas poderia ser seguida de comentários, se o leitor assim o quisesse. O leitor ficava em pé, enquanto lia e, assentado, quando fazia seus comentários.
Os livros estavam em pergaminhos, e eram conservados em rolos. Jesus leu o rolo do profeta Isaías. Ele não pediu esse rolo; este foi-lhe dado. É uma divina coincidência ler o profeta Isaías, que é considerado o evangelista entre os profetas. Ele procurou a porção que queria ler. A leitura era feita pausadamente em hebraico e, depois, era feita a tradução para o aramaico.
Jesus começou a ler: O Espírito do Senhor está sobre mim. Isso foi visto, de modo excepcional, no seu batismo, quando o Espírito Santo desceu sobre ele em forma de pomba. Jesus foi Ungido para o mais elevado trabalho: Pregar as boas novas aos pobres. Os pobres aos quais o termo aqui se refere são aqueles que têm a atitude de profunda humildade e vazio diante de Deus, que sabem que nada podem oferecer a Deus e que só podem parar diante da graça de Deus e serem enchidos por ela. É a atitude da verdadeira contrição da qual falou João Batista e na qual Jesus tanto insistiu em todo o seu ministério.
Depois, na seqüência do texto, os pobres são comparados a cativos. A imagem não é a de prisioneiros numa jaula; mas de prisioneiros de guerra que são levados ao exílio pelos conquistadores. Assim, o texto descreve a ação do diabo, que toma os homens como cativos, de maneira que não podem escapar por meios próprios. Jesus tem a missão de proclamar libertação a esses cativos. A palavra libertação usada aqui é empregada em todo o novo testamento para designar perdão dos pecados. O anúncio da mensagem de Jesus não é o de uma mensagem vazia, de uma promessa falsa, fantasiosa, não é uma palavra de ordem e de lei que os cativos têm que cumprir; não requer esforço deles, pois eles não podem fazer nada. É uma sentença, uma notícia, que transfere esses cativos de Satanás para o reino de Deus, por causa da obra redentora de Cristo.
“A restauração da vista aos cegos” é uma outra figura que traduz o estado de pobreza do ser humano diante de Deus. Aquelas pessoas para as quais Jesus estava falando conheciam a palavra de Deus, mas que foram obscurecidas pelo pecado e conduzidas às trevas do paganismo.
A figura dos pobres ainda é qualificada como quem é comprimido e estilhaçado pelo pecado. O pecado é o fascínio mais ilusório que alguém pode ter, pois não faz o ser humano feliz; não o promove, nem liberta; mas, aprisiona, aperta e estilhaça a vida da pessoa. Por isso, o trabalho do Salvador é garantir perdão, fortalecer a fé e dar liberdade. Ele restaura a alegria e dá a paz. Isso é o que significa pôr em liberdade os oprimidos.
Jesus veio para Apregoar o ano aceitável do Senhor. Essa era a tarefa áurea do Messias. O ano aceitável do Senhor é uma referência ao fato que, no Antigo Testamento, a cada 50 anos, as dívidas eram perdoadas, os escravos eram libertados, as propriedades vendidas sob penhor eram devolvidas. Era chamado de ano da graça de Iahweh. Isaías chama de ano aceitável. Isso é o resultado do que Jesus veio trazer: Ele veio pregar que o ano aceitável do Senhor chegou, e Ele estava ali para levá-lo a efeito. É por isso que ele disse: Hoje se cumpriu as Escrituras que acabais de ouvir. O que estava acontecendo é que a própria Palavra, Cristo, estava lendo a Palavra para eles.
Jesus passou a ensinar-lhes. O que ele estava falando, certamente, era conhecido deles; mas, a incredulidade tinha fechado seus corações. O que fez com que aqueles homens rejeitassem a Jesus foi o fato que as palavras de graça e sabedoria incomparáveis que ouviram vieram dos lábios de um nazareno que eles conheciam muito bem, tanto que eles mencionaram a família de Jesus e a ocupação de José. Apesar de todas as suas palavras atrativas, eles não poderiam crer que ele era o Messias.
Jesus, então, colocou o dedo na ferida da sua insatisfação. Ele demonstrou a sua onisciência, conhecendo os pensamentos de rejeição e incredulidade deles. Em outras palavras, ele disse: Está mais uma vez provado por vocês, nazarenos, que um profeta não é aceito na sua própria terra, como não estou sendo aceito por vocês aqui, onde eu vivi. Vocês deveriam ser os primeiros a crêem em mim, mas são os primeiros a me rejeitar por completo.
Ele continuou falando. Lembrou a história de dois grandes profetas do Antigo Testamento: Elias e Eliseu, por meio dos quais Deus fez dois grandes milagres que beneficiaram pessoas estrangeiras. E isso quer dizer que as dádivas da graça de Deus não são recebidas por causa da nacionalidade ou qualquer outra coisa externa. Nada, nem ninguém, vão coagir Deus a agir. Ele distribui as suas dádivas não de acordo com o mérito humano, mas de graça e por bondade.
Jesus tinha vindo para Nazaré com propósitos claros de anunciar a palavra de Deus ali. Mas, os nazarenos eram presunçosos e concluíram por levar Jesus para fora, para o alto de um monte, para de lá o precipitarem. É interessante que eles não se incomodaram de tentar matar Jesus num sábado. O texto nos dá a entender que Jesus andou calmamente pela multidão sem ser molestado por ela. Como ele fez isso? Com o seu poder onipotente. O evangelista Mateus acrescenta que Jesus não pôde fazer sinais ali por causa da incredulidade deles. O texto conclui, dizendo que Jesus se retirou dali. Esse fato é dramático! Depois disso ele desceu para Cafarnaum e ensinava a palavra de Deus. Baseados no texto do evangelho, queremos meditar sobre o tema: Jesus vem ao nosso encontro.
O sermão de Jesus denunciou a situação de pobreza dos nazarenos. As palavras que leu dirigiam-se a eles. O seu convite de graça, misericórdia e amor também. Jesus os chamou – pobres, cativos, cegos e oprimidos - a virem a ele em sincera humildade e penitência. Qual foi a reação daqueles homens? Rejeitaram por completo a Jesus e ao seu convite. Mostraram seu coração arrogante, presunçoso, de quem não se acha pobre e carente diante de Deus, de quem pensa que não precisa do salvador. Jesus queria que a sua palavra se cumprisse não apenas nos ouvidos, mas nos corações daquelas pessoas. Infelizmente, seus corações estavam endurecidos. Qual a desculpa com a qual rotularam a sua incredulidade e rejeição a Jesus? Ele era Nazareno, conhecido de todos. A inveja, a arrogância e a dureza de coração daquelas pessoas vieram à tona. Eles estragaram o resultado das palavras de graça de Jesus, rejeitando-a totalmente.
Que atitudes nossas nos assemelham aos nazarenos do texto? O fato de não nos reconhecermos pobres, cativos, cegos e oprimidos, e não reconhecermos que Jesus vem ao nosso encontro para nos socorrer e ajudar. Por vezes, nossos corações são tomados de dureza, impenitência, incredulidade. Também, por vezes, rejeitamos o convite de Jesus de vir a ele vazios e nos colocarmos diante da sua graça para sermos por ela preenchidos. Impedimos que a palavra de Jesus se realize em nosso coração, deixamos de ouvi-la com reverência, atenção e regularidade, e nos escondemos atrás de desculpas, tentando diminuir nossa condição pecaminosa. Assim, também estragamos os resultados da palavra de Jesus.
Os nazarenos foram lembrados por Jesus que, seus antepassados, rejeitaram os profetas de Deus. O problema é que eles não estavam rejeitando a pessoa que prega a palavra, mas o próprio Deus. Também agimos assim quando não aproveitamos as oportunidades de ouvir a palavra de Deus, quando deixamos de vir a Igreja para participar dos cultos, quando deixamos passar momentos importantes nos quais Deus quer falar ao nosso coração pela palavra. Assim o povo de Nazaré, que tinha o Salvador diante dos seus olhos, fechou as portas para
a pregação de Jesus, e Jesus retirou-se dali. Por isso, não tinham que culpar ninguém, senão a si mesmos, caso a condenação lhes sobreviesse. Nós também temos o Salvador diante dos nossos olhos nas muitíssimas oportunidades que Deus nos dá de termos acesso à palavra e sacramentos, e se o rejeitarmos, não temos que culpar ninguém outro, senão a nós mesmos, caso a condenação nos sobrevenha.
Jesus foi a Nazaré com o propósito específico de anunciar a boa notícia da salvação aos nazarenos. Ele foi levar a mais excelente notícia aos pobres: Eles tinham, diante de si o Salvador, que veio libertar os cativos, dar a vista aos cegos, dar liberdade aos oprimidos e anunciar que a graça e o amor de Deus estavam ali, diante dos seus olhos. Essa mais maravilhosa notícia também vale para nós: Jesus vem ao nosso encontro! Aquele nazareno é o Salvador do mundo, que deu a sua vida para resgatar, livrar e salvar todos nós. A incredulidade e dureza de coração, tão comuns ao nosso coração, são arrancados pelo poder extirpador do perdão dos pecados, conseguido pelo Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ali estava o Verbo que se fez carne e que deu a sua vida à morte de cruz e ressuscitou para que os pobres, os cegos, os cativos, os oprimidos – todos nós – recebamos perdão, vida e salvação.
Jesus vem ao nosso encontro. Como ele faz isso? Através dos meios que ele escolheu: O Batismo, a Pregação da palavra de Deus e a Santa Ceia. Ele nos dá muitas e ricas oportunidades para termos acesso a esses meios: Cada culto, estudo bíblico, cada momento de leitura da palavra de Deus, é uma oportunidade extraordinária para ouvir o Salvador falar ao nosso coração. A maior motivação para virmos a Igreja e para mantermos um programa de leitura diária da palavra não é cumprir uma formalidade religiosa ou fazer boa obra para conquistar o favor de Deus; mas aproveitar da melhor maneira o momento rico de encontro com o nosso salvador; nós - pobres, cativos, cegos, oprimidos, - com o Salvador, que se fez pobre para nos enriquecer, que nos liberta de toda a escravidão que o pecado quer nos impor, que nos livra da cegueira da incredulidade e nos dá a liberdade das amarras do pecado que tanto nos oprimem e estilhaçam.
Assim, Jesus foi ao encontro dos nazarenos e manifestou a sua glória a eles. Eles o rejeitaram, e Jesus retirou-se dali. Jesus vem diariamente ao nosso encontro, na palavra e sacramentos. Qual será a nossa reação? Queremos acolhê-lo em sincera humildade, arrependimento e fé, suplicando que ele permaneça entre nós e realize em nós o seu trabalho: Perdoar nossos pecados, fortalecer a nossa fé, dirigir e guiar a nossa vida e equipar-nos para o serviço em seu reino. Que Deus nos ajude. Amém!
Rev. Silvio F. da Silva Filho
Igreja Evangélica Luterana do Brasil - Paróquia Paz de Vila Velha
Cristo para Todos - Compartilhando Experiências da Vida Com Deus
Vila Velha - ES
Obrigado caro colega.
Abraços,
Pr. Thiago Pacheco
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Pastor Presidente da Assembleia de Deus de Madureira na PB se converte ao Islamismo
Cito a reportagem abaixo e comento depois.
Clilson Júnior
ClickPB/18 de janeiro de 2010
Muitos fatos marcaram a permanência do Pastor João de Deus Cabral a frente da Assembleia de Deus de Madureira na Paraíba. Presidente da Igreja na Paraíba e Secretário Nacional da Igreja no Brasil durante 15 anos, não foram suficientes para ser arrebatado ao Islamismo e servir ao Deus Allah.
A revelação foi feita por João de Deus Cabral durante a madrugada deste sábado ao Programa Sales Dantas na TV Litoral/TV Diário. João de Deus agora tem como principal objetivo de sua vida será servir a Alá e construir uma mesquita nos próximos meses na Paraíba.
João de Deus revelou que durante muito tempo servindo na Assembleia de Deus e proferindo palestras pelo Brasil, sempre era indagado sobre o significado do Natal, sobre a Santa Trindade. Essa busca e interrogações levaram a um estudo interno e a busca pela verdade. Viajou por vários países e chegou a conclusão após 5 anos que não existe a Santa Trindade e que o natal não representava o nascimento de Cristo. Para João de Deus, nome de batismo mesmo, essas datas foram criadas por um imperador de Roma, como forma de estabelecer uma data única que comemorasse dia 25 de dezembro o dia do Deus Sol, mudando logo após para chamarem de nascimento de Cristo, o sol da justiça.
O ex-pastor da Assembleia de Deus na Paraíba agora se diz agora muçulmano porque não é contra os Profetas Abraão, Jacó, Isaac, Ismael, Moisés ou Jesus (que a paz esteja com todos eles), mas porque vai procurar seguir os ensinamentos recebidos por eles revelados pelo nosso Único Deus, o Altíssimo.
Sou muçulmano não por imposição ou submissão a qualquer lei humana, mas porque aprendi a submeter-me voluntariamente a vontade de um Deus amoroso, que embora não seja meu pai, age muitas vezes como tal admoestando-me através de suas palavras presentes em seu Alcorão. Pois Ele é Clemente e Misericordioso. Não porque eu é que seja superior a ele, mas porque Allah é muito superior a nós dois. Allah hu Akbah! (Deus é Maior!).
João de Deus aproveitou para convidar a todos para uma palestra Palestra sobre a Fé e Crenças Islâmicas, que será realizada no próximo dia 30 do mês em curso, no Auditório do Hotel Xênius, localizado na Praia de Cabo Branco, que será proferida pelo Sheikh Mabrouk El Sawy Said, dirigente do Centro Islâmico do Recife.
Fonte: http://www.metodista.org.br/index.jsp?conteudo=9711
Comento:
É brincadeira? Só pode ser! Confesso que estou chocado!
O problema não é o Islamismo, de forma alguma, eu mesmo já estudei o tema, conversei com um Sheik e assisti a uma reunião numa mesquita. Mais uma vez, meus agradecimentos ao excelente acolhimento que tive. Minha questão é lembrar de um ditado popular muito sábio "não cuspir no prato que comeu".
Se a pessoa quer mudar de opinião, religião etc. que o faça, mas não saia desmerecendo tudo o que viveu anteriormente, afinal, somos fruto daquilo que vivemos, somos seres sociais e formados pela sociedade que nos influencia diretamente. Para isso serve o estudo, aí está a Sociologia para nos esclarecer um pouco mais sobre o assunto. Sem falar que, há também a Cristologia, a Trindade e outros pontos importantes e fundamentais na doutrina cristã que esclarecem dúvidas como estas, que sinceramente, com todo respeito, após 15 anos de ministério: NÃO DÁ PRÁ TER! Deixo inclusive algumas sugestões TILLICH, BARTH, BRUNNER. Pode lê-los que vocês não vão se arrepender.
Abraços do amigo indignado com essa situação.
Pr. Thiago Pacheco
Clilson Júnior
ClickPB/18 de janeiro de 2010
Muitos fatos marcaram a permanência do Pastor João de Deus Cabral a frente da Assembleia de Deus de Madureira na Paraíba. Presidente da Igreja na Paraíba e Secretário Nacional da Igreja no Brasil durante 15 anos, não foram suficientes para ser arrebatado ao Islamismo e servir ao Deus Allah.
A revelação foi feita por João de Deus Cabral durante a madrugada deste sábado ao Programa Sales Dantas na TV Litoral/TV Diário. João de Deus agora tem como principal objetivo de sua vida será servir a Alá e construir uma mesquita nos próximos meses na Paraíba.
João de Deus revelou que durante muito tempo servindo na Assembleia de Deus e proferindo palestras pelo Brasil, sempre era indagado sobre o significado do Natal, sobre a Santa Trindade. Essa busca e interrogações levaram a um estudo interno e a busca pela verdade. Viajou por vários países e chegou a conclusão após 5 anos que não existe a Santa Trindade e que o natal não representava o nascimento de Cristo. Para João de Deus, nome de batismo mesmo, essas datas foram criadas por um imperador de Roma, como forma de estabelecer uma data única que comemorasse dia 25 de dezembro o dia do Deus Sol, mudando logo após para chamarem de nascimento de Cristo, o sol da justiça.
O ex-pastor da Assembleia de Deus na Paraíba agora se diz agora muçulmano porque não é contra os Profetas Abraão, Jacó, Isaac, Ismael, Moisés ou Jesus (que a paz esteja com todos eles), mas porque vai procurar seguir os ensinamentos recebidos por eles revelados pelo nosso Único Deus, o Altíssimo.
Sou muçulmano não por imposição ou submissão a qualquer lei humana, mas porque aprendi a submeter-me voluntariamente a vontade de um Deus amoroso, que embora não seja meu pai, age muitas vezes como tal admoestando-me através de suas palavras presentes em seu Alcorão. Pois Ele é Clemente e Misericordioso. Não porque eu é que seja superior a ele, mas porque Allah é muito superior a nós dois. Allah hu Akbah! (Deus é Maior!).
João de Deus aproveitou para convidar a todos para uma palestra Palestra sobre a Fé e Crenças Islâmicas, que será realizada no próximo dia 30 do mês em curso, no Auditório do Hotel Xênius, localizado na Praia de Cabo Branco, que será proferida pelo Sheikh Mabrouk El Sawy Said, dirigente do Centro Islâmico do Recife.
Fonte: http://www.metodista.org.br/index.jsp?conteudo=9711
Comento:
É brincadeira? Só pode ser! Confesso que estou chocado!
O problema não é o Islamismo, de forma alguma, eu mesmo já estudei o tema, conversei com um Sheik e assisti a uma reunião numa mesquita. Mais uma vez, meus agradecimentos ao excelente acolhimento que tive. Minha questão é lembrar de um ditado popular muito sábio "não cuspir no prato que comeu".
Se a pessoa quer mudar de opinião, religião etc. que o faça, mas não saia desmerecendo tudo o que viveu anteriormente, afinal, somos fruto daquilo que vivemos, somos seres sociais e formados pela sociedade que nos influencia diretamente. Para isso serve o estudo, aí está a Sociologia para nos esclarecer um pouco mais sobre o assunto. Sem falar que, há também a Cristologia, a Trindade e outros pontos importantes e fundamentais na doutrina cristã que esclarecem dúvidas como estas, que sinceramente, com todo respeito, após 15 anos de ministério: NÃO DÁ PRÁ TER! Deixo inclusive algumas sugestões TILLICH, BARTH, BRUNNER. Pode lê-los que vocês não vão se arrepender.
Abraços do amigo indignado com essa situação.
Pr. Thiago Pacheco
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terça-feira, 19 de janeiro de 2010
O Haiti no meu caminho
O que choca nesta tragédia do Haiti é a dimensão. Dezenas de milhares de mortos, cidades inteiras arrasadas, um mundo de gente em condições miseráveis e caóticas, enfim, uma catástrofe de proporções inimagináveis que causa perplexidade. Também o efeito mundial – são 23 países junto com o Brasil que contabilizam mortos e desaparecidos. Este é o ingrediente que chama a atenção: é uma tragédia titânica e global. Parecida com o atentado contra as Torres Gêmeas que matou gente de 60 países. Só que ali foi no coração da riqueza enquanto que nesta ilha caribenha no coração da pobreza.
Mas o Haiti logo estará esquecido. Afinal, a vida continua. E a morte também. Cada qual preocupado com o seu terremoto, com a sua sobrevivência. É claro, com exceções. Existem Zildas Arns, soldados da ONU, voluntários. Pois neste mundo há duas realidades conflagradas, algo parecido com o que acontece ali mesmo no Haiti. Cerca de cem quilômetros da zona devastada, na costa norte haitiana, luxuosos transatlânticos atracam em praias paradisíacas, com turistas comendo do bom e do melhor, enquanto sobreviventes brigam por água e comida em meio aos escombros. Mas, pensando bem, qual a diferença de cem ou dez mil quilômetros? A maioria de nós não está de férias, na beira de uma praia, comendo e bebendo? Ou protegido numa “barca de Noé” longe de qualquer tragédia, enquanto muita gente padece bem ao lado? Na verdade, o Haiti está em todo lugar e bem próximo de cada um, neste mundo que treme e sofre. O que se pode fazer?
Jesus disse o que pode ser feito na parábola do bom samaritano (Lucas 10.25-37). Diz a história que enquanto o sacerdote e o levita – pessoas de religião, mas sem a prática do amor – evitaram um moribundo que tinha sido assaltado, o samaritano acudiu-o gastando tempo e dinheiro. “Pois vá e faça a mesma coisa”, respondeu Jesus a um fariseu que precisava ouvir esta história. Pois no caminho de cada um cruzam pessoas soterradas e que necessitam urgentemente de resgate. Não podemos reconstruir a vida delas nem salvar o mundo. Mas podemos retirar algumas pedras e oferecer o mínimo de ajuda.
E se nestas horas ainda surge arrogância de que é castigo, ou blasfêmias contra a justiça divina, cabe ouvir o que escreve o mesmo evangelista. Pessoas chegaram a Jesus com “santa” satisfação comentando uma tragédia. O Salvador foi enérgico: “ – Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do que os outros galileus? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram” (Lucas 13.2,3). Sem comentários!
Catástrofes irão acontecer enquanto o mundo será mundo. E ninguém está livre. Se não estivermos sob os escombros, que tenhamos o sentimento de compaixão e de responsabilidade. E a decisão de socorrer.
Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
Muito obrigado caro colega.
Abraços,
Pr. Thiago Pacheco
Mas o Haiti logo estará esquecido. Afinal, a vida continua. E a morte também. Cada qual preocupado com o seu terremoto, com a sua sobrevivência. É claro, com exceções. Existem Zildas Arns, soldados da ONU, voluntários. Pois neste mundo há duas realidades conflagradas, algo parecido com o que acontece ali mesmo no Haiti. Cerca de cem quilômetros da zona devastada, na costa norte haitiana, luxuosos transatlânticos atracam em praias paradisíacas, com turistas comendo do bom e do melhor, enquanto sobreviventes brigam por água e comida em meio aos escombros. Mas, pensando bem, qual a diferença de cem ou dez mil quilômetros? A maioria de nós não está de férias, na beira de uma praia, comendo e bebendo? Ou protegido numa “barca de Noé” longe de qualquer tragédia, enquanto muita gente padece bem ao lado? Na verdade, o Haiti está em todo lugar e bem próximo de cada um, neste mundo que treme e sofre. O que se pode fazer?
Jesus disse o que pode ser feito na parábola do bom samaritano (Lucas 10.25-37). Diz a história que enquanto o sacerdote e o levita – pessoas de religião, mas sem a prática do amor – evitaram um moribundo que tinha sido assaltado, o samaritano acudiu-o gastando tempo e dinheiro. “Pois vá e faça a mesma coisa”, respondeu Jesus a um fariseu que precisava ouvir esta história. Pois no caminho de cada um cruzam pessoas soterradas e que necessitam urgentemente de resgate. Não podemos reconstruir a vida delas nem salvar o mundo. Mas podemos retirar algumas pedras e oferecer o mínimo de ajuda.
E se nestas horas ainda surge arrogância de que é castigo, ou blasfêmias contra a justiça divina, cabe ouvir o que escreve o mesmo evangelista. Pessoas chegaram a Jesus com “santa” satisfação comentando uma tragédia. O Salvador foi enérgico: “ – Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do que os outros galileus? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram” (Lucas 13.2,3). Sem comentários!
Catástrofes irão acontecer enquanto o mundo será mundo. E ninguém está livre. Se não estivermos sob os escombros, que tenhamos o sentimento de compaixão e de responsabilidade. E a decisão de socorrer.
Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
Muito obrigado caro colega.
Abraços,
Pr. Thiago Pacheco
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Tragédia
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Sola Scriptura
“Da Suficiência das Santas Escrituras para salvação” e “Do Antigo Testamento” (Artigos 5 e 6 dos Vinte e Cinco Artigos de Religião)
“Naqueles dias a palavra do Senhor era mui rara” (1Sm 3,1b). Este trecho das Escrituras está no contexto do chamado de Samuel, o qual descreve no relato anterior que a casa de Eli havia se corrompido, e em seqüência é narrada a visão de Samuel. É importante destacar que nesta visão Samuel ouve o chamado de Deus e responde: “Eis-me aqui”.
Pensando neste texto e nos padrões doutrinários estabelecidos por Wesley, nos Vinte e Cinco Artigos de Religião, especialmente os artigos 5 e 6, talvez estejamos vivendo um tempo em que também a palavra do Senhor tem sido rara. Por isso, Ele tem chamado mulheres e homens para compreender melhor sua vontade, ouvir sua voz e responder ao seu chamado através de sua Palavra. Mas, qual tem sido a nossa resposta?
Para responder a contento esta pergunta, precisamos “conhecer e prosseguir em conhecer o Senhor” (Os 6,6). E isso só é possível por meio da leitura e do estudo da Bíblia. Os artigos mencionados demonstram o que representa a Palavra de Deus no contexto cotidiano das comunidades de fé.
O artigo 5, Da suficiência das Santas Escrituras, orienta sobre o fato de que as Escrituras são suficientes para ensinar cristãos e cristãs sobre o que é necessário para a salvação, a saber, a Bíblia apresenta Deus atuando na vida de pessoas através da libertação, salvação e concedendo vida digna. Assim, a Bíblia deve ser lida como um todo, ou seja, de Gênesis a Apocalipse, pois nela encontramos orientações para a nossa conduta cristã.
Nesta perspectiva, o artigo 6 deixa bem claro a proporcionalidade de importância do Antigo e Novo Testamentos. Este artigo, Do Antigo Testamento, destaca que: “o Antigo Testamento não está em contradição com o Novo, pois tanto no Antigo como no Novo Testamentos a vida eterna é oferecida à humanidade por Cristo, que é o único mediador entre Deus e o homem (sic)(...), portanto não se deve dar ouvidos àqueles que dizem que os patriarcas tinham em vista somente promessas transitórias”. Nesta orientação, observamos que o referencial doutrinário da Igreja não privilegia uma parte da Escritura em detrimento da outra, pelo contrário, compreende a complementaridade e mutualidade entre ambos os Testamentos.
Sobre a parcialidade das Escrituras, podemos destacar que durante muito tempo, cristãos/ãs, de um modo geral, privilegiaram a figura paulina como referencial de fé, a quem poderíamos chamar mais de “paulinos” do que “cristãos”, uma vez que Paulo havia se tornado o modelo para a vida de muitos. Uma leitura distorcida de Paulo legitimava um modo de pensar bem diferente daquele pregado pelo próprio Apóstolo, como, por exemplo, quando ele diz: “eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus” (1Co 3,6). Por conseguinte, Paulo descreve que ele é apenas servo do Senhor, e faz a sua parte. Ele aponta para Deus o resultado daquilo que ele plantou. Portanto, uma leitura literal do texto, descontextualizada e sem critério, deixou muitas pessoas a mercê de um “cristianismo paulino” excludente e hierarquizado, conforme a leitura equivocada do/a “intérprete”, principalmente com relação às mulheres.
No relato acima vemos o distanciamento da orientação doutrinária da Igreja, com referência aos Artigos 5 e 6. Mais recentemente, esta visão estreita tem se voltado para o Antigo Testamento (AT). Se antes havia até um certo medo de ler e interpretar o AT, agora, o que ocorre é uma volta aos preceitos do texto veterotestamentário sem a disposição de olhar para o contexto e observar que certas práticas são estritamente relacionadas à cultura daquele povo, naquele lugar, para aquela época.
Hoje assistimos ao crescimento de modismos inspirados no Antigo Testamento, e que não fazem mais sentido depois de Jesus Cristo. Seja no uso do shofar, ou da bandeira de Israel e símbolos desta cultura, o que está acontecendo é uma judaização do cristianismo. Se antes o cristianismo paulino era a “regra de fé”, agora, o Antigo Testamento, descontextualizado, passa a ser o pano de fundo para orientar a vida e as celebrações cúlticas.
A nossa doutrina (sim, nós temos uma doutrina!), na perspectiva dos Artigos 5 e 6, dos Vinte e Cinco Artigos de Religião, nos lembra que não há como servirmos a Deus, e nos deixarmos “levar por qualquer vento de doutrina”. Deste modo, precisamos aprender a ler as Escrituras e saber que nelas há cerimônias, ritos e preceitos civis que não se aplicam aos nossos dias, mas nos ajudam a compreender o contexto da época para, a partir daí, trazer para atualidade, como demonstra claramente o artigo 6: “Embora a lei dada por Deus a Moisés, quanto às cerimônias e ritos, não se aplique a cristãos, nem tão pouco os seus preceitos civis devam ser necessariamente aceitos por qualquer governo, nenhum cristão está isento de obedecer aos mandamentos chamados morais”.
Nos primeiros séculos do cristianismo, o teólogo Marcião tentou produzir um cânon da Escritura. Ele foi o primeiro a tentar fazer isso, mas a sua teologia não compreendia e não aceitava a complementaridade entre os dois Testamentos; por isso, ele propôs um cânon com o Evangelho de Lucas, sem o relato do nascimento e da infância de Jesus, e dez cartas Paulinas, sem as cartas pastorais. Há muitos cristãos/ãs também produzindo seu próprio cânon, o que contradiz a nossa doutrina ou o nosso referencial de fé, que é a Palavra de Deus como um todo. Para o estudioso da Bíblia chamado Gerhard von Rad, o AT e NT se interpretam mutuamente. O AT deve ser interpretado em direção a Cristo e o NT deve ser entendido como continuidade do anúncio dos atos salvíficos de Deus. O que nos ajuda a entender o texto como um todo, e não de maneira parcial.
Como nos tempos de Samuel, hoje também a palavra do Senhor tem sido “mui rara”, isso porque não somente há uma falta de leitura da Bíblia, como também interpretações parciais, para legitimar um determinado comportamento. Somente com o retorno às Escrituras, como proposto por Lutero, é possível haver uma conversão ao projeto salvífico de Deus.
A Bíblia é instrumento para conhecermos a Deus e nos pautarmos em nosso cotidiano. Ela nos ajuda a dar razão da nossa fé, que está baseada em Jesus Cristo, filho de Deus, que veio ao mundo para salvar todo/a aquele/a que nele crê, e que atua hoje na promessa de sua presença através do Espírito Santo. Não se faz necessário voltar a algumas tradições do Antigo Testamento, ou legitimar um determinado comportamento à luz de uma abordagem equivocada de Paulo para sermos cristãos/ãs. O que precisamos é vivenciarmos a simplicidade do Evangelho que nos foi apresentado pelo próprio Cristo. O cristianismo é simples, não precisa ser reinventado. A vida cristã deve ser vivida no cotidiano por aqueles/as que de fato amam a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmos.
E que o Deus da Graça, o Deus da Bíblia (Antigo e Novo Testamentos) nos ajude a compreender melhor seu propósito para o povo chamado metodista, para que estejamos sempre prontos a responder: “Eis-me aqui”. E que no caminho para a perfeição cristã, possamos nos lembrar que: “o melhor de tudo é que Deus está conosco”.
Revda. Suely Xavier dos Santos
Pastora da IM Jabaquara – 3ª. RE e
Professora de Bíblia (AT) na Faculdade de Teologia – UMESP.
Obrigado pela colaboração,
Pr. Thiago Pacheco
Fonte: http://www.metodista.org.br/index.jsp?conteudo=9486
“Naqueles dias a palavra do Senhor era mui rara” (1Sm 3,1b). Este trecho das Escrituras está no contexto do chamado de Samuel, o qual descreve no relato anterior que a casa de Eli havia se corrompido, e em seqüência é narrada a visão de Samuel. É importante destacar que nesta visão Samuel ouve o chamado de Deus e responde: “Eis-me aqui”.
Pensando neste texto e nos padrões doutrinários estabelecidos por Wesley, nos Vinte e Cinco Artigos de Religião, especialmente os artigos 5 e 6, talvez estejamos vivendo um tempo em que também a palavra do Senhor tem sido rara. Por isso, Ele tem chamado mulheres e homens para compreender melhor sua vontade, ouvir sua voz e responder ao seu chamado através de sua Palavra. Mas, qual tem sido a nossa resposta?
Para responder a contento esta pergunta, precisamos “conhecer e prosseguir em conhecer o Senhor” (Os 6,6). E isso só é possível por meio da leitura e do estudo da Bíblia. Os artigos mencionados demonstram o que representa a Palavra de Deus no contexto cotidiano das comunidades de fé.
O artigo 5, Da suficiência das Santas Escrituras, orienta sobre o fato de que as Escrituras são suficientes para ensinar cristãos e cristãs sobre o que é necessário para a salvação, a saber, a Bíblia apresenta Deus atuando na vida de pessoas através da libertação, salvação e concedendo vida digna. Assim, a Bíblia deve ser lida como um todo, ou seja, de Gênesis a Apocalipse, pois nela encontramos orientações para a nossa conduta cristã.
Nesta perspectiva, o artigo 6 deixa bem claro a proporcionalidade de importância do Antigo e Novo Testamentos. Este artigo, Do Antigo Testamento, destaca que: “o Antigo Testamento não está em contradição com o Novo, pois tanto no Antigo como no Novo Testamentos a vida eterna é oferecida à humanidade por Cristo, que é o único mediador entre Deus e o homem (sic)(...), portanto não se deve dar ouvidos àqueles que dizem que os patriarcas tinham em vista somente promessas transitórias”. Nesta orientação, observamos que o referencial doutrinário da Igreja não privilegia uma parte da Escritura em detrimento da outra, pelo contrário, compreende a complementaridade e mutualidade entre ambos os Testamentos.
Sobre a parcialidade das Escrituras, podemos destacar que durante muito tempo, cristãos/ãs, de um modo geral, privilegiaram a figura paulina como referencial de fé, a quem poderíamos chamar mais de “paulinos” do que “cristãos”, uma vez que Paulo havia se tornado o modelo para a vida de muitos. Uma leitura distorcida de Paulo legitimava um modo de pensar bem diferente daquele pregado pelo próprio Apóstolo, como, por exemplo, quando ele diz: “eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus” (1Co 3,6). Por conseguinte, Paulo descreve que ele é apenas servo do Senhor, e faz a sua parte. Ele aponta para Deus o resultado daquilo que ele plantou. Portanto, uma leitura literal do texto, descontextualizada e sem critério, deixou muitas pessoas a mercê de um “cristianismo paulino” excludente e hierarquizado, conforme a leitura equivocada do/a “intérprete”, principalmente com relação às mulheres.
No relato acima vemos o distanciamento da orientação doutrinária da Igreja, com referência aos Artigos 5 e 6. Mais recentemente, esta visão estreita tem se voltado para o Antigo Testamento (AT). Se antes havia até um certo medo de ler e interpretar o AT, agora, o que ocorre é uma volta aos preceitos do texto veterotestamentário sem a disposição de olhar para o contexto e observar que certas práticas são estritamente relacionadas à cultura daquele povo, naquele lugar, para aquela época.
Hoje assistimos ao crescimento de modismos inspirados no Antigo Testamento, e que não fazem mais sentido depois de Jesus Cristo. Seja no uso do shofar, ou da bandeira de Israel e símbolos desta cultura, o que está acontecendo é uma judaização do cristianismo. Se antes o cristianismo paulino era a “regra de fé”, agora, o Antigo Testamento, descontextualizado, passa a ser o pano de fundo para orientar a vida e as celebrações cúlticas.
A nossa doutrina (sim, nós temos uma doutrina!), na perspectiva dos Artigos 5 e 6, dos Vinte e Cinco Artigos de Religião, nos lembra que não há como servirmos a Deus, e nos deixarmos “levar por qualquer vento de doutrina”. Deste modo, precisamos aprender a ler as Escrituras e saber que nelas há cerimônias, ritos e preceitos civis que não se aplicam aos nossos dias, mas nos ajudam a compreender o contexto da época para, a partir daí, trazer para atualidade, como demonstra claramente o artigo 6: “Embora a lei dada por Deus a Moisés, quanto às cerimônias e ritos, não se aplique a cristãos, nem tão pouco os seus preceitos civis devam ser necessariamente aceitos por qualquer governo, nenhum cristão está isento de obedecer aos mandamentos chamados morais”.
Nos primeiros séculos do cristianismo, o teólogo Marcião tentou produzir um cânon da Escritura. Ele foi o primeiro a tentar fazer isso, mas a sua teologia não compreendia e não aceitava a complementaridade entre os dois Testamentos; por isso, ele propôs um cânon com o Evangelho de Lucas, sem o relato do nascimento e da infância de Jesus, e dez cartas Paulinas, sem as cartas pastorais. Há muitos cristãos/ãs também produzindo seu próprio cânon, o que contradiz a nossa doutrina ou o nosso referencial de fé, que é a Palavra de Deus como um todo. Para o estudioso da Bíblia chamado Gerhard von Rad, o AT e NT se interpretam mutuamente. O AT deve ser interpretado em direção a Cristo e o NT deve ser entendido como continuidade do anúncio dos atos salvíficos de Deus. O que nos ajuda a entender o texto como um todo, e não de maneira parcial.
Como nos tempos de Samuel, hoje também a palavra do Senhor tem sido “mui rara”, isso porque não somente há uma falta de leitura da Bíblia, como também interpretações parciais, para legitimar um determinado comportamento. Somente com o retorno às Escrituras, como proposto por Lutero, é possível haver uma conversão ao projeto salvífico de Deus.
A Bíblia é instrumento para conhecermos a Deus e nos pautarmos em nosso cotidiano. Ela nos ajuda a dar razão da nossa fé, que está baseada em Jesus Cristo, filho de Deus, que veio ao mundo para salvar todo/a aquele/a que nele crê, e que atua hoje na promessa de sua presença através do Espírito Santo. Não se faz necessário voltar a algumas tradições do Antigo Testamento, ou legitimar um determinado comportamento à luz de uma abordagem equivocada de Paulo para sermos cristãos/ãs. O que precisamos é vivenciarmos a simplicidade do Evangelho que nos foi apresentado pelo próprio Cristo. O cristianismo é simples, não precisa ser reinventado. A vida cristã deve ser vivida no cotidiano por aqueles/as que de fato amam a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmos.
E que o Deus da Graça, o Deus da Bíblia (Antigo e Novo Testamentos) nos ajude a compreender melhor seu propósito para o povo chamado metodista, para que estejamos sempre prontos a responder: “Eis-me aqui”. E que no caminho para a perfeição cristã, possamos nos lembrar que: “o melhor de tudo é que Deus está conosco”.
Revda. Suely Xavier dos Santos
Pastora da IM Jabaquara – 3ª. RE e
Professora de Bíblia (AT) na Faculdade de Teologia – UMESP.
Obrigado pela colaboração,
Pr. Thiago Pacheco
Fonte: http://www.metodista.org.br/index.jsp?conteudo=9486
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
REDAÇÃO FINAL da LEI GERAL DAS RELIGIÕES
Dispõe sobre as Garantias e Direitos Fundamentais ao Livre Exercício da Crença e dos Cultos Religiosos, estabelecidos nos incisos VI, VII eVIII do art. 5º e no § 1º do art. 210 da Constituição da República Federativa do Brasil.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º
Esta Lei estabelece mecanismos que asseguram o livre exercício religioso, a proteção aos locais de cultos e suas liturgias e a inviolabilidade de crença no País e liberdade de ensino religioso, regulamentando os incisos VI,VII e VIII do art. 5º e o § 1º do art. 210 da Constituição da República Federativa do Brasil.
Art. 2º
É reconhecido às instituições religiosas o direito de desempenhar suas atividades religiosas e o exercício público de suas atividades, observada a legislação própria aplicável.
Art. 3º
Fica garantido o reconhecimento personalidade jurídica das instituições religiosas, mediante o registro no ato de criação na repartição competente, devendotambém ser averbadas todas as alterações que porventura forem realizadas dentro da respectiva estrutura.
Parágrafo único.
As denominações religiosas podem livremente criar, modificar ou extinguir suas instituições, na forma prevista no caput.
Art. 4º
As atividades desenvolvidas pelas pessoas jurídicas reconhecidas nos termos do art. 3º que persigam fins de assistência e solidariedade social gozarão de todos direitos, imunidades, isenções e benefícios atribuídos às entidades com fins de natureza semelhante previstos e na forma da lei.
Art. 5º
O patrimônio histórico, artístico e cultural, material e imaterial das instituições religiosas, assim como os documentos custodiados nos seus arquivos e bibliotecas, constitui parte relevante do patrimônio cultural brasileiro e continuará a cooperar para salvaguardar, valorizar e promover a fruição dos bens, móveis e imóveis de propriedade de instituições religiosas que sejam considerados como parte de seu patrimônio cultural e artístico.
§1º A finalidade própria dos bens eclesiásticos mencionados no caput deste artigo deve ser salvaguardada, sem prejuízo de outras finalidades que possam surgir da natureza cultural.
§2º As instituições religiosas comprometem-se facilitar o acesso ao patrimônio referido no caput para todosos que o queiram conhecer e estudar, salvaguardadas as suas finalidades religiosas e as exigências de sua proteção e da tutela dos arquivos de reconhecido valor cultural.
Art. 6º
Ficam asseguradas as medidas necessárias para garantir a proteção dos lugares de culto das instituições religiosas e de suas liturgias, símbolos, imagens e objetos culturais, tanto no interior dos templos como nas celebrações externas, contra toda forma de violação, desrespeito e uso ilegítimo.
§ 1º Nenhum edifício, dependência ou objeto afeto aos cultos religiosos, observada a função social da propriedade e a legislação própria, pode ser demolido, ocupado, penhorado, transportado, sujeito a obras ou destinado pelo Estado entidades públicas a outro fim, salvo por utilidade pública, ou por interesse social, nos termos da lei.
§ 2º É livre a manifestação religiosa em logradouros públicos, com ou sem acompanhamento musical, desde que não contrarie a ordem e a tranquilidade pública.
Art. 7º
A destinação de espaços para fins religiosos poderá ser prevista nos instrumentos de planejamento urbano a ser estabelecido no respectivo Plano Diretor.
Art.8º
As organizações religiosas e instituições poderão, observadas as exigências da lei, prestar assistência espiritual aos fiéis internados em estabelecimento de saúde, de assistência social, de educação ou similar, ou detidos em estabelecimento prisional ou similar.
Art. 9º
Cada credo religioso poderá ser representado por capelães militares no âmbito das Forças Armadas Auxiliares, constituindo organização própria, assemelhada ao Ordinariato Militar do Brasil, com a finalidade de dirigir, coordenar e supervisionar a assistência religiosa aos fiéis.
Parágrafo único.
Fica assegurada a igualdade de condições, honras e tratamento a todos os credos religiosos referidos no caput, indistintamente.
Art. 10.
As instituições religiosas poderão colocar suas instituições de ensino, em todos os níveis, a serviço da sociedade, em conformidade com seus fins e respeitada a livre escolha de cada cidadão na forma da lei.
§ 1º O reconhecimento de títulos e qualificações em nível de Graduação e Pós-Graduação estará sujeito, respectivamente, às exigências da legislação educacional.
§ 2º As denominações religiosas poderão constituir e administrar seminários e outros órgãos e organismos semelhantes de formação e cultural.
§ 3º O reconhecimento dos efeitos civis dos estudos, graus e títulos obtidos nos seminários, institutos e fundações antes mencionados é regulado por lei, em condições de paridade com estudos de idêntica natureza.
Art.11.
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição Federal e as outras Leis vigentes, sem qualquer forma de proselitismo.
Art. 12.
O casamento celebrado em conformidade com as leis canônicas ou com as normas das denominações religiosas reconhecidas no País, que atenderem também às exigências estabelecidas em lei para contrair o casamento, produzirá os efeitos civis, após registro próprio a partir da data de suacelebração.
Art. 13.
É garantido o segredo do ofício sacerdotal reconhecido em cada instituição religiosa, inclusive confissão sacramental.
Art.14.
Às pessoas jurídicas eclesiásticas religiosas, assim como ao patrimônio, renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais, é reconhecida agarantia de imunidade tributária referente aos impostos, em conformidade com a Constituição Federal.
Parágrafo único.
Para fins tributários, as pessoas jurídicas das instituições religiosas que exerçam atividade social e educacional sem finalidade lucrativa receberão mesmo tratamento e benefícios outorgados às entidades filantrópicas reconhecidas pelo ordenamento jurídico brasileiro, inclusive em termos de requisitos e obrigações exigidos para fins de imunidade e isenção.
Art. 15.
O vínculo entre os ministros ordenados ou fiéis consagrados mediante votos e as instituições religiosas e equiparados é de caráter religioso e não gera, por si mesmo, vínculo empregatício, a não ser que seja provado desvirtuamento da finalidade religiosa, observado o disposto na legislação trabalhista brasileira.
Parágrafo único.
As tarefas e as atividades de índole apostólica, pastoral, litúrgica, catequética, evangelística, missionária, prosélita, assistencial, de promoção humana semelhante poderão ser realizadas a título voluntário, observado o disposto na legislação brasileira.
Art.16.
Os responsáveis pelas instituições religiosas, no exercício de seu ministério e funções religiosas, poderão convidar sacerdotes, membros de institutos religiosos e leigos que não tenham nacionalidade brasileira para servir no território de sua jurisdição religiosa e pedir às autoridades brasileiras, em nome daquelas, a concessão dovisto para exercer atividade ministerial no Brasil, no tempo permitido por legislação própria.
Art. 17.
Os órgãos do Poder Executivo, no âmbito das respectivas competências, e as instituições religiosas poderão celebrar convênios sobre matérias de suas atribuições tendo em vista colaboração de interesse público.
Art.18.
A violação à liberdade de crença proteção aos locais de culto esuas liturgias sujeitam infratoràs sanções previstas no CódigoPenal, além da respectiva responsabilização civil pelos danos provocados.
Art. 19.
Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
CÂMARA DOS DEPUTADOS, de setembro de 2009.
Fonte: http://frenteparlamentarevangelica.blogspot.com/2009/09/o-acordo-brasil-santa-se-e-lei-geral.html
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º
Esta Lei estabelece mecanismos que asseguram o livre exercício religioso, a proteção aos locais de cultos e suas liturgias e a inviolabilidade de crença no País e liberdade de ensino religioso, regulamentando os incisos VI,VII e VIII do art. 5º e o § 1º do art. 210 da Constituição da República Federativa do Brasil.
Art. 2º
É reconhecido às instituições religiosas o direito de desempenhar suas atividades religiosas e o exercício público de suas atividades, observada a legislação própria aplicável.
Art. 3º
Fica garantido o reconhecimento personalidade jurídica das instituições religiosas, mediante o registro no ato de criação na repartição competente, devendotambém ser averbadas todas as alterações que porventura forem realizadas dentro da respectiva estrutura.
Parágrafo único.
As denominações religiosas podem livremente criar, modificar ou extinguir suas instituições, na forma prevista no caput.
Art. 4º
As atividades desenvolvidas pelas pessoas jurídicas reconhecidas nos termos do art. 3º que persigam fins de assistência e solidariedade social gozarão de todos direitos, imunidades, isenções e benefícios atribuídos às entidades com fins de natureza semelhante previstos e na forma da lei.
Art. 5º
O patrimônio histórico, artístico e cultural, material e imaterial das instituições religiosas, assim como os documentos custodiados nos seus arquivos e bibliotecas, constitui parte relevante do patrimônio cultural brasileiro e continuará a cooperar para salvaguardar, valorizar e promover a fruição dos bens, móveis e imóveis de propriedade de instituições religiosas que sejam considerados como parte de seu patrimônio cultural e artístico.
§1º A finalidade própria dos bens eclesiásticos mencionados no caput deste artigo deve ser salvaguardada, sem prejuízo de outras finalidades que possam surgir da natureza cultural.
§2º As instituições religiosas comprometem-se facilitar o acesso ao patrimônio referido no caput para todosos que o queiram conhecer e estudar, salvaguardadas as suas finalidades religiosas e as exigências de sua proteção e da tutela dos arquivos de reconhecido valor cultural.
Art. 6º
Ficam asseguradas as medidas necessárias para garantir a proteção dos lugares de culto das instituições religiosas e de suas liturgias, símbolos, imagens e objetos culturais, tanto no interior dos templos como nas celebrações externas, contra toda forma de violação, desrespeito e uso ilegítimo.
§ 1º Nenhum edifício, dependência ou objeto afeto aos cultos religiosos, observada a função social da propriedade e a legislação própria, pode ser demolido, ocupado, penhorado, transportado, sujeito a obras ou destinado pelo Estado entidades públicas a outro fim, salvo por utilidade pública, ou por interesse social, nos termos da lei.
§ 2º É livre a manifestação religiosa em logradouros públicos, com ou sem acompanhamento musical, desde que não contrarie a ordem e a tranquilidade pública.
Art. 7º
A destinação de espaços para fins religiosos poderá ser prevista nos instrumentos de planejamento urbano a ser estabelecido no respectivo Plano Diretor.
Art.8º
As organizações religiosas e instituições poderão, observadas as exigências da lei, prestar assistência espiritual aos fiéis internados em estabelecimento de saúde, de assistência social, de educação ou similar, ou detidos em estabelecimento prisional ou similar.
Art. 9º
Cada credo religioso poderá ser representado por capelães militares no âmbito das Forças Armadas Auxiliares, constituindo organização própria, assemelhada ao Ordinariato Militar do Brasil, com a finalidade de dirigir, coordenar e supervisionar a assistência religiosa aos fiéis.
Parágrafo único.
Fica assegurada a igualdade de condições, honras e tratamento a todos os credos religiosos referidos no caput, indistintamente.
Art. 10.
As instituições religiosas poderão colocar suas instituições de ensino, em todos os níveis, a serviço da sociedade, em conformidade com seus fins e respeitada a livre escolha de cada cidadão na forma da lei.
§ 1º O reconhecimento de títulos e qualificações em nível de Graduação e Pós-Graduação estará sujeito, respectivamente, às exigências da legislação educacional.
§ 2º As denominações religiosas poderão constituir e administrar seminários e outros órgãos e organismos semelhantes de formação e cultural.
§ 3º O reconhecimento dos efeitos civis dos estudos, graus e títulos obtidos nos seminários, institutos e fundações antes mencionados é regulado por lei, em condições de paridade com estudos de idêntica natureza.
Art.11.
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição Federal e as outras Leis vigentes, sem qualquer forma de proselitismo.
Art. 12.
O casamento celebrado em conformidade com as leis canônicas ou com as normas das denominações religiosas reconhecidas no País, que atenderem também às exigências estabelecidas em lei para contrair o casamento, produzirá os efeitos civis, após registro próprio a partir da data de suacelebração.
Art. 13.
É garantido o segredo do ofício sacerdotal reconhecido em cada instituição religiosa, inclusive confissão sacramental.
Art.14.
Às pessoas jurídicas eclesiásticas religiosas, assim como ao patrimônio, renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais, é reconhecida agarantia de imunidade tributária referente aos impostos, em conformidade com a Constituição Federal.
Parágrafo único.
Para fins tributários, as pessoas jurídicas das instituições religiosas que exerçam atividade social e educacional sem finalidade lucrativa receberão mesmo tratamento e benefícios outorgados às entidades filantrópicas reconhecidas pelo ordenamento jurídico brasileiro, inclusive em termos de requisitos e obrigações exigidos para fins de imunidade e isenção.
Art. 15.
O vínculo entre os ministros ordenados ou fiéis consagrados mediante votos e as instituições religiosas e equiparados é de caráter religioso e não gera, por si mesmo, vínculo empregatício, a não ser que seja provado desvirtuamento da finalidade religiosa, observado o disposto na legislação trabalhista brasileira.
Parágrafo único.
As tarefas e as atividades de índole apostólica, pastoral, litúrgica, catequética, evangelística, missionária, prosélita, assistencial, de promoção humana semelhante poderão ser realizadas a título voluntário, observado o disposto na legislação brasileira.
Art.16.
Os responsáveis pelas instituições religiosas, no exercício de seu ministério e funções religiosas, poderão convidar sacerdotes, membros de institutos religiosos e leigos que não tenham nacionalidade brasileira para servir no território de sua jurisdição religiosa e pedir às autoridades brasileiras, em nome daquelas, a concessão dovisto para exercer atividade ministerial no Brasil, no tempo permitido por legislação própria.
Art. 17.
Os órgãos do Poder Executivo, no âmbito das respectivas competências, e as instituições religiosas poderão celebrar convênios sobre matérias de suas atribuições tendo em vista colaboração de interesse público.
Art.18.
A violação à liberdade de crença proteção aos locais de culto esuas liturgias sujeitam infratoràs sanções previstas no CódigoPenal, além da respectiva responsabilização civil pelos danos provocados.
Art. 19.
Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
CÂMARA DOS DEPUTADOS, de setembro de 2009.
Fonte: http://frenteparlamentarevangelica.blogspot.com/2009/09/o-acordo-brasil-santa-se-e-lei-geral.html
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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
A Nova Comunidade de Discípulos: Fundação e Caminho
"Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus, sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus, levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim? Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo. Então, Pedro lhe pediu: Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça. Declarou-lhe Jesus: Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos. Pois ele sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: Nem todos estais limpos. Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes. Não falo a respeito de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi; é, antes, para que se cumpra a Escritura: Aquele que come do meu pão levantou contra mim seu calcanhar. Desde já vos digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais que EU SOU. Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou" João 13. 1-20
1. Introdução: Os discípulos, o grupo pequeno de Jesus.
Queremos refletir sobre a exigência bíblica do discipulado na expressão dos grupos pequenos. Não há como contestar a prioridade do discipulado; nosso problema é com os diversos modelos propostos no meio evangélico; muitos com estilos contrários aos Evangelhos, alguns mais próximos aos modelos empresariais de equipes de treinamento em produção e eficiência (não que sejamos contra a eficiência), outros com modelos cabalísticos (simbolismo dos números) e outros baseados em autoritarismo e manipulação.
Seguindo a ênfase do Plano Nacional, entendemos que toda a Igreja precisa tornar-se uma comunidade de discípulos e discípulas, isso "porque reconhecemos a precariedade com que, de modo geral, estamos tratando os novos cristãos, os recém-convertidos, em sua capacitação para o exercício da Missão. E admitindo, também, que temos deixado constantemente de nutrir os membros que há anos participam da Igreja, dos quais muitos não descobriram seus dons, nem frutificam num ministério, nem conseguem viver uma vida de conformidade com a Palavra de Deus."[2]
Por isso, queremos convocar a todos a um confronto com as Escrituras Sagradas, nossa vida diante da Palavra. Nossos caminhos no discipulado não serão determinados por terceiros, mas pela orientação da Palavra de Deus. Ainda que em nosso espírito ecumênico, dentro dos limites dado pelo Colégio Episcopal, sejamos abertos a aprender com outros, confrontando sempre tudo com a Palavra e com nossa herança wesleyana.
Assim, inspirados pelo famoso texto do lava-pés, quero refletir mais uma vez sobre o discipulado de Jesus, sabendo que nele foi decisivo o grupo pequeno dos discípulos. Jesus começou com eles, ou seja, chamou os doze ao discipulado permanente, que antes de sua morte se transformou em 11, com a traição de Judas. É evidente que Jesus começa seu ministério formando um grupo pequeno: "Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar e a exercer a autoridade de expelir demônios." (cf. Mc 3.13-15). Encerra seu ministério terreno, reunindo seu grupo pequeno e passando as últimas instruções: "Finalmente, apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura." (Mc 16.14-15). Diante dessas evidências bíblicas, não resta dúvida da prioridade do discipulado, nem da estratégia do grupo pequeno ter sido fundada no Cristianismo pelo próprio Senhor Jesus.
Nosso texto de estudo é um relato que antecede a celebração da Páscoa de Jesus. Sobre isso, diz León-Dufour: "Ao querer formular seus últimos pensamentos, Jesus começa por constituir sua própria comunidade, os seus discípulos que crêem em sua missão.O gesto do lavar os pés simboliza a doação que Jesus vai fazer de si mesmo, e significa o comportamento de cada um dos discípulos na vida da comunidade."[3]
2. As lições do lava-pés - Um testemunho de humildade.
a) "...ora, antes da Festa da Páscoa..." (Jo. 13.1).
Na época de Jesus, devido à opressão estrangeira, cada Páscoa era aguardada com grande expectativa, pois, nela, poderia manifestar-se o Messias Libertador de Israel. Na escola rabínica de Hilel[4], avô de Gamaliel, mestre de Paulo e contemporâneo de Jesus, afirmava-se que o Messias deveria vir entre os dias 14 e 15 do mês de Nisan, por ocasião do sacrifício do Cordeiro Pascal, quando, também, fatos extraordinários deveriam marcar esse momento.
Curiosamente, não há em João a celebração da ceia pascal. O texto que registra esse momento íntimo entre Jesus e seu grupo pequeno dos discípulos sublinha que ocorreu antes da festa da Páscoa a grande celebração, uma ceia e o lava-pés. Isso porque, na cronologia de João, possivelmente a mais correta, conforme diversos estudiosos, Jesus é preso antes da Páscoa. "Depois, levaram Jesus da casa de Caifás para o pretório. Era cedo de manhã. Eles não entraram no pretório para não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa." Como podemos ver, Jesus é posto na cruz na hora sexta, o mesmo horário que começava na véspera da Páscoa, o Parasceve (cf. Jo 19.14), momento de se sacrificar os cordeiros pascais no templo[5]. Nesta Páscoa, Jesus será como anunciado no início do Evangelho: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo." (Jo 1.29). A ceia do Senhor, conforme descrita nos demais Evangelhos, foi, com certeza, comida antes da Páscoa judaica, propositalmente, porque Jesus sabia, todo o tempo, de suas iminentes prisão e morte. (cf. Mc 8.31; Lc 9.20-22; Jo 11.53-57).
b) "...sabendo Jesus que era chegada a sua hora..." (Jo. 13.1).
Como Filho de Deus, Jesus sabia o que não sabemos: a hora da sua morte, e isso por cumprir como Messias de Deus uma missão de salvação do mundo (cf. Jo 3.16). Aqui, vem uma pergunta para orientar nosso discipulado: Quantos de nós temos na comunhão com Deus sua fonte de poder e direção na vida como fez Jesus? E, nessa comunhão, se submete em total obediência?
Não há forma de encarar a missão, a não ser na comunhão do Pai. Jesus repetiu isso diversas vezes: "Eu e o Pai somos um." (Jo 10.30). Essa unidade entre o discípulo e o Deus Pai, Filho e Espírito Santo é definitivamente vital no discipulado. Só formamos uma comunidade de discípulos se mantemos comunhão com o Senhor e n´Ele, comunhão uns com os outros. Com isso, reconhecemos que é a comunhão com Deus nossa fonte de poder para realizar a missão, e até para enfrentar a morte. Paulo sabia disso; por isso dizia: "Tudo posso naquele que me fortalece." (Fp 4.13).
Assim, para conhecer os propósitos de Deus para nós, precisamos, como Jesus, ser um só com o Pai em amor.
c) "levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela". (Jo. 13.4).
Pelo pouco espaço que tenho, salto sobre outros temas do texto, para entrar no acontecimento propriamente dito.
A expressão é "levantou-se da ceia". Podemos dizer: deixou seu lugar de Senhor. Gene Wilkes em seu livro O Último Degrau da Liderança[6], conta uma interessante história ocorrida com ele: "Encontrei-me, certa vez, na mesa principal de um evento, aquela onde se sentam as pessoas importantes. Minha tarefa era apresentar o orador, depois de o músico ter cantado. Quando o orador começou a falar, todos, na mesa principal, levantaram-se e foram sentar-se entre os presentes à conferência. Todos, menos eu! O orador, que viu as pessoas saírem da mesa principal, disse:
- Quem estiver na mesa principal e quiser sair, pode fazê-lo agora. Fiquei de pé, sozinho, e declarei:
- Eu gostaria muito! - Todos riram e, com o rosto vermelho, fui sentar-me à mesa dos funcionários da cozinha. Da mesa principal para a posição de funcionário da cozinha - na frente do grupo dos meus companheiros! Que decadência!
Quando o sangue voltou ao resto do meu corpo, a história de Jesus sobre onde se sentar nos banquetes me veio à mente. Ele ensinou:
"Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então, irás, envergonhado, ocupar o último lugar. Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas. Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado." (Lc 14.8-11).
Nós, líderes, esquecemo-nos muitas vezes de que o verdadeiro lugar da liderança cristã é no meio da multidão, não na mesa principal."
Aqui, vemos com que grande dificuldade nós, seres humanos, abrimos mão da posição de honra, para assumir a condição de servo, saber fazer esta trajetória quantas vezes seja necessário é o que distingue uma liderança igual à de Jesus, de uma liderança autoritária, vaidosa, arrogante e nada bíblica, que busca, sim, os privilégios para si, e para os seus.
A verdade é que não há alternativa, é necessário fazer isso freqüentemente, e como líderes imitarmos a Jesus (cf.1Co 11.1), descemos do lugar especial (púlpitos-altares), e pegarmos a toalha para servir.
Neste ato, Jesus estava restabelecendo o que era a prioridade na nova comunidade dos discípulos; ou seja, o amar a Deus acima de todas as coisas se expressava visivelmente no serviço amoroso uns aos outros. É necessário adquirir um coração de servo, algo definido por Paulo como: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, [...] antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo... a si mesmo se humilhou..." (Fp 2.5-
8). Tenho crido que Paulo tinha em mente a passagem do lava-pés, e até os relatos da paixão e ressurreição, quando escreveu este belo texto. "Pois os líderes servos abdicam, de seus direitos pessoais para encontrar grandeza no serviço prestado aos outros." 7
d) "Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e Senhor, e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros." (Jo 13.12-14).
Jesus apela ao entendimento dos discípulos, porque, sem dúvida, eles ficaram perplexos com o que estava acontecendo. Prova disso é a expressão de Pedro: "Senhor, tu me lavas os pés a mim?... Nunca me lavarás os pés." Foi necessário Jesus radicalizar: "Se eu não te lavar os pés, não tens parte comigo." (Jo 13.6-8).
A grande lição de humildade é dada aqui a cada um dos discípulos, membros daquele grupo pequeno. Verdade é que nós, seres humanos, não precisamos ser ensinados sobre orgulho, vaidade, arrogância, porque esses sentimentos nascem conosco. Nossa natureza humana nos faz ansiosos por reconhecimentos, por dominar sobre os outros; tais sentimentos estão na raiz da maioria dos nossos pecados. O fato é que humildade precisamos aprender. É virtude espiritual, quando Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para exercitar o domínio sobre sua natureza humana carnal: aprendeu a depender do Pai. Vindo do deserto, foi a Nazaré, e disse: "O Espírito de Deus está sobre mim". (Lc 4.16) Não há meios de nos tornarmos humildes, senão nos caminhos de Jesus, sujeitando nosso natureza terrena à direção do Espírito, como nas palavras de Paulo: "Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita." (Rm 8.11).
O Senhor, lavando os pés dos discípulos e servos, criou um confronto, quebrou a prática usual, e introduziu a ética do amor e do serviço como doação da sua vida, em serviço ao mundo. Isso queremos aprender e ensinar, e desenvolver através do discipulado, por meio de grupos pequenos.
3) Conclusão - Nossa missão através do discipulado.
Queremos, nesta perspectiva de discipulado, envolver todos os metodistas da 1ª RE nessa tarefa de nos tornarmos homens e mulheres maduros no Senhor, capacitados para, como diz Paulo: "...para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus."(Ef. 3. 16-19).
Desse modo, seremos de fato uma Igreja de Dons e Ministérios. Onde todos estão integrados num grupo pequeno de santificação e evangelização. De modo a nos tornarmos efetivamente um sinal de esperança aos oprimidos, uma comunidade de resistência à corrupção, e a todas as formas de heresias. E assim alcançando vidas, famílias, plantando novas igrejas, bairro a bairro, cidade a cidade, anunciando as boas-novas da graça, amor e salvação, tornando-nos, efetivamente, uma: Comunidade Missionária a Serviço do Povo.
Orando por todos,
Bispo Paulo Lockmann
________________________________________
[1] Mateos e Barreto, Juan - O Evangelho de João. São Paulo: Paulinas. 1989. p. 555.
[2] Lockmann, Paulo - O Caminho do Discipulado - de Jesus a nós. São Paulo: Cedro. 2000. p12.
[3] León-Dufour, Xavier - Lectura del Evangelio de Juan. Volume III. Sigueme: Salamanca. 1995. p.15.
[4] Danby, H - Mishna. London: Oxford University. 1958.
[5] Mateos e Barreto, Juan - op. cit., p.768.
[6] Wilkes, C. Gene - O Último Degrau da Liderança. São Paulo: Mundo Cristão. p. 15.
7 Wilkes, C. Gene - op. cit., 106.
Obrigado bispo Paulo.
Pr. Thiago Pacheco
1. Introdução: Os discípulos, o grupo pequeno de Jesus.
Queremos refletir sobre a exigência bíblica do discipulado na expressão dos grupos pequenos. Não há como contestar a prioridade do discipulado; nosso problema é com os diversos modelos propostos no meio evangélico; muitos com estilos contrários aos Evangelhos, alguns mais próximos aos modelos empresariais de equipes de treinamento em produção e eficiência (não que sejamos contra a eficiência), outros com modelos cabalísticos (simbolismo dos números) e outros baseados em autoritarismo e manipulação.
Seguindo a ênfase do Plano Nacional, entendemos que toda a Igreja precisa tornar-se uma comunidade de discípulos e discípulas, isso "porque reconhecemos a precariedade com que, de modo geral, estamos tratando os novos cristãos, os recém-convertidos, em sua capacitação para o exercício da Missão. E admitindo, também, que temos deixado constantemente de nutrir os membros que há anos participam da Igreja, dos quais muitos não descobriram seus dons, nem frutificam num ministério, nem conseguem viver uma vida de conformidade com a Palavra de Deus."[2]
Por isso, queremos convocar a todos a um confronto com as Escrituras Sagradas, nossa vida diante da Palavra. Nossos caminhos no discipulado não serão determinados por terceiros, mas pela orientação da Palavra de Deus. Ainda que em nosso espírito ecumênico, dentro dos limites dado pelo Colégio Episcopal, sejamos abertos a aprender com outros, confrontando sempre tudo com a Palavra e com nossa herança wesleyana.
Assim, inspirados pelo famoso texto do lava-pés, quero refletir mais uma vez sobre o discipulado de Jesus, sabendo que nele foi decisivo o grupo pequeno dos discípulos. Jesus começou com eles, ou seja, chamou os doze ao discipulado permanente, que antes de sua morte se transformou em 11, com a traição de Judas. É evidente que Jesus começa seu ministério formando um grupo pequeno: "Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar e a exercer a autoridade de expelir demônios." (cf. Mc 3.13-15). Encerra seu ministério terreno, reunindo seu grupo pequeno e passando as últimas instruções: "Finalmente, apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura." (Mc 16.14-15). Diante dessas evidências bíblicas, não resta dúvida da prioridade do discipulado, nem da estratégia do grupo pequeno ter sido fundada no Cristianismo pelo próprio Senhor Jesus.
Nosso texto de estudo é um relato que antecede a celebração da Páscoa de Jesus. Sobre isso, diz León-Dufour: "Ao querer formular seus últimos pensamentos, Jesus começa por constituir sua própria comunidade, os seus discípulos que crêem em sua missão.O gesto do lavar os pés simboliza a doação que Jesus vai fazer de si mesmo, e significa o comportamento de cada um dos discípulos na vida da comunidade."[3]
2. As lições do lava-pés - Um testemunho de humildade.
a) "...ora, antes da Festa da Páscoa..." (Jo. 13.1).
Na época de Jesus, devido à opressão estrangeira, cada Páscoa era aguardada com grande expectativa, pois, nela, poderia manifestar-se o Messias Libertador de Israel. Na escola rabínica de Hilel[4], avô de Gamaliel, mestre de Paulo e contemporâneo de Jesus, afirmava-se que o Messias deveria vir entre os dias 14 e 15 do mês de Nisan, por ocasião do sacrifício do Cordeiro Pascal, quando, também, fatos extraordinários deveriam marcar esse momento.
Curiosamente, não há em João a celebração da ceia pascal. O texto que registra esse momento íntimo entre Jesus e seu grupo pequeno dos discípulos sublinha que ocorreu antes da festa da Páscoa a grande celebração, uma ceia e o lava-pés. Isso porque, na cronologia de João, possivelmente a mais correta, conforme diversos estudiosos, Jesus é preso antes da Páscoa. "Depois, levaram Jesus da casa de Caifás para o pretório. Era cedo de manhã. Eles não entraram no pretório para não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa." Como podemos ver, Jesus é posto na cruz na hora sexta, o mesmo horário que começava na véspera da Páscoa, o Parasceve (cf. Jo 19.14), momento de se sacrificar os cordeiros pascais no templo[5]. Nesta Páscoa, Jesus será como anunciado no início do Evangelho: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo." (Jo 1.29). A ceia do Senhor, conforme descrita nos demais Evangelhos, foi, com certeza, comida antes da Páscoa judaica, propositalmente, porque Jesus sabia, todo o tempo, de suas iminentes prisão e morte. (cf. Mc 8.31; Lc 9.20-22; Jo 11.53-57).
b) "...sabendo Jesus que era chegada a sua hora..." (Jo. 13.1).
Como Filho de Deus, Jesus sabia o que não sabemos: a hora da sua morte, e isso por cumprir como Messias de Deus uma missão de salvação do mundo (cf. Jo 3.16). Aqui, vem uma pergunta para orientar nosso discipulado: Quantos de nós temos na comunhão com Deus sua fonte de poder e direção na vida como fez Jesus? E, nessa comunhão, se submete em total obediência?
Não há forma de encarar a missão, a não ser na comunhão do Pai. Jesus repetiu isso diversas vezes: "Eu e o Pai somos um." (Jo 10.30). Essa unidade entre o discípulo e o Deus Pai, Filho e Espírito Santo é definitivamente vital no discipulado. Só formamos uma comunidade de discípulos se mantemos comunhão com o Senhor e n´Ele, comunhão uns com os outros. Com isso, reconhecemos que é a comunhão com Deus nossa fonte de poder para realizar a missão, e até para enfrentar a morte. Paulo sabia disso; por isso dizia: "Tudo posso naquele que me fortalece." (Fp 4.13).
Assim, para conhecer os propósitos de Deus para nós, precisamos, como Jesus, ser um só com o Pai em amor.
c) "levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela". (Jo. 13.4).
Pelo pouco espaço que tenho, salto sobre outros temas do texto, para entrar no acontecimento propriamente dito.
A expressão é "levantou-se da ceia". Podemos dizer: deixou seu lugar de Senhor. Gene Wilkes em seu livro O Último Degrau da Liderança[6], conta uma interessante história ocorrida com ele: "Encontrei-me, certa vez, na mesa principal de um evento, aquela onde se sentam as pessoas importantes. Minha tarefa era apresentar o orador, depois de o músico ter cantado. Quando o orador começou a falar, todos, na mesa principal, levantaram-se e foram sentar-se entre os presentes à conferência. Todos, menos eu! O orador, que viu as pessoas saírem da mesa principal, disse:
- Quem estiver na mesa principal e quiser sair, pode fazê-lo agora. Fiquei de pé, sozinho, e declarei:
- Eu gostaria muito! - Todos riram e, com o rosto vermelho, fui sentar-me à mesa dos funcionários da cozinha. Da mesa principal para a posição de funcionário da cozinha - na frente do grupo dos meus companheiros! Que decadência!
Quando o sangue voltou ao resto do meu corpo, a história de Jesus sobre onde se sentar nos banquetes me veio à mente. Ele ensinou:
"Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então, irás, envergonhado, ocupar o último lugar. Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas. Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado." (Lc 14.8-11).
Nós, líderes, esquecemo-nos muitas vezes de que o verdadeiro lugar da liderança cristã é no meio da multidão, não na mesa principal."
Aqui, vemos com que grande dificuldade nós, seres humanos, abrimos mão da posição de honra, para assumir a condição de servo, saber fazer esta trajetória quantas vezes seja necessário é o que distingue uma liderança igual à de Jesus, de uma liderança autoritária, vaidosa, arrogante e nada bíblica, que busca, sim, os privilégios para si, e para os seus.
A verdade é que não há alternativa, é necessário fazer isso freqüentemente, e como líderes imitarmos a Jesus (cf.1Co 11.1), descemos do lugar especial (púlpitos-altares), e pegarmos a toalha para servir.
Neste ato, Jesus estava restabelecendo o que era a prioridade na nova comunidade dos discípulos; ou seja, o amar a Deus acima de todas as coisas se expressava visivelmente no serviço amoroso uns aos outros. É necessário adquirir um coração de servo, algo definido por Paulo como: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, [...] antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo... a si mesmo se humilhou..." (Fp 2.5-
8). Tenho crido que Paulo tinha em mente a passagem do lava-pés, e até os relatos da paixão e ressurreição, quando escreveu este belo texto. "Pois os líderes servos abdicam, de seus direitos pessoais para encontrar grandeza no serviço prestado aos outros." 7
d) "Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e Senhor, e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros." (Jo 13.12-14).
Jesus apela ao entendimento dos discípulos, porque, sem dúvida, eles ficaram perplexos com o que estava acontecendo. Prova disso é a expressão de Pedro: "Senhor, tu me lavas os pés a mim?... Nunca me lavarás os pés." Foi necessário Jesus radicalizar: "Se eu não te lavar os pés, não tens parte comigo." (Jo 13.6-8).
A grande lição de humildade é dada aqui a cada um dos discípulos, membros daquele grupo pequeno. Verdade é que nós, seres humanos, não precisamos ser ensinados sobre orgulho, vaidade, arrogância, porque esses sentimentos nascem conosco. Nossa natureza humana nos faz ansiosos por reconhecimentos, por dominar sobre os outros; tais sentimentos estão na raiz da maioria dos nossos pecados. O fato é que humildade precisamos aprender. É virtude espiritual, quando Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para exercitar o domínio sobre sua natureza humana carnal: aprendeu a depender do Pai. Vindo do deserto, foi a Nazaré, e disse: "O Espírito de Deus está sobre mim". (Lc 4.16) Não há meios de nos tornarmos humildes, senão nos caminhos de Jesus, sujeitando nosso natureza terrena à direção do Espírito, como nas palavras de Paulo: "Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita." (Rm 8.11).
O Senhor, lavando os pés dos discípulos e servos, criou um confronto, quebrou a prática usual, e introduziu a ética do amor e do serviço como doação da sua vida, em serviço ao mundo. Isso queremos aprender e ensinar, e desenvolver através do discipulado, por meio de grupos pequenos.
3) Conclusão - Nossa missão através do discipulado.
Queremos, nesta perspectiva de discipulado, envolver todos os metodistas da 1ª RE nessa tarefa de nos tornarmos homens e mulheres maduros no Senhor, capacitados para, como diz Paulo: "...para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus."(Ef. 3. 16-19).
Desse modo, seremos de fato uma Igreja de Dons e Ministérios. Onde todos estão integrados num grupo pequeno de santificação e evangelização. De modo a nos tornarmos efetivamente um sinal de esperança aos oprimidos, uma comunidade de resistência à corrupção, e a todas as formas de heresias. E assim alcançando vidas, famílias, plantando novas igrejas, bairro a bairro, cidade a cidade, anunciando as boas-novas da graça, amor e salvação, tornando-nos, efetivamente, uma: Comunidade Missionária a Serviço do Povo.
Orando por todos,
Bispo Paulo Lockmann
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[1] Mateos e Barreto, Juan - O Evangelho de João. São Paulo: Paulinas. 1989. p. 555.
[2] Lockmann, Paulo - O Caminho do Discipulado - de Jesus a nós. São Paulo: Cedro. 2000. p12.
[3] León-Dufour, Xavier - Lectura del Evangelio de Juan. Volume III. Sigueme: Salamanca. 1995. p.15.
[4] Danby, H - Mishna. London: Oxford University. 1958.
[5] Mateos e Barreto, Juan - op. cit., p.768.
[6] Wilkes, C. Gene - O Último Degrau da Liderança. São Paulo: Mundo Cristão. p. 15.
7 Wilkes, C. Gene - op. cit., 106.
Obrigado bispo Paulo.
Pr. Thiago Pacheco
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sábado, 2 de janeiro de 2010
Torturas no fim de ano
Já faz dias que notícias do menino perfurado por agulhas chegam até nós. Gostaria de esquecer esse fato, mas a cada anuncio sobre procedimentos cirúrgicos sofrido pelo pequeno baiano funciona como uma nova agulhada que nos desperta em meio aos sonhos de um feliz ano novo.
Minha filha tem dois aninhos, idade do menino das agulhas. Paro, penso e logo sinto outra agulhada. Se não bastasse essa notícia lá do nordeste do Brasil fico sabendo que aqui no nosso estado, na cidade de Bagé, um casal foi preso por torturar um menino de cinco anos, idade do meu filho. O guri de Bagé foi encontrado com um dos olhos fechado por inchaço e infecção, dois dentes quebrados e a orelha perfurada, além de cicatrizes antigas. É de sentir náuseas!
Fim de um ano, início de outro, momento de faxinar, de limpar, organizar e recomeçar. Porém, é tanta maldade encardindo nosso ser que não encontro alvejante para limpar. Poluição no ar, sujeira na água, agulhas no corpo, pecado no coração.
Ainda que num movimento global todos os países decidissem cuidar e limpar o mundo em que vivemos, restaria um pouco de poluição em cada canto, restariam aquelas agulhas tão fincadas nas entranhas que não poderiam ser removidas, restaria aquela sujeira de quem ergue as mãos, não para dar uma palmada corretiva, mas para torturar.
O que será de 2010? Que notícias chegarão aos nossos olhos e ouvidos? Mesmo o mais otimista dos humanos sabe que muitas agulhadas estão por vir, resta-nos a esperança no Menino que nasceu em Belém, que cresceu, morreu, ressuscitou e que agora vive como Rei, não coroado por espinhos que tal como agulhas penetraram a sua pele, mas com uma coroa incorruptível.
Pode não parecer, mas Ele reina! É certo que em meio a tantas maldades somos tentados a pensar que Jesus foi destronado. Mas é preciso lembrar que ele já havia anunciado as aflições do pecado continuariam conosco até o fim dessa presente era. Ele disse: “No mundo passais por aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (João 16.33).
Um dia chegará o fim! Ninguém sabe o ano. Pode ser a qualquer instante. Acredito que não será em 2012, pois a palavra bíblica nos diz que o dia final virá como ladrão, quando ninguém espera. A verdade é que quando esse dia chegar, teremos um reinício, um novo céu, uma nova terra! Toda lágrima será enxugada, não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor (Apocalipse 21.4) . Mas isso será apenas para aqueles cujos pecados e maldades foram limpos pelo sangue do Cordeiro de Deus (Ap.7.14), o Senhor Jesus. Não há outro jeito de mover a sujeira do pecado senão pelo sangue do Cristo.
Que em mais um ano, Jesus nos anime para vencermos as aflições e nos alegre com as bênçãos que Deus misericordiosamente sempre nos reserva ano após ano.
Pastor Ismar Lambrecht Pinz
Comunidade Luterana Cristo Redentor–
Três Vendas – Pelotas
Grato companheiro! Deus te abençoe.
Pr. Thiago Pacheco
Minha filha tem dois aninhos, idade do menino das agulhas. Paro, penso e logo sinto outra agulhada. Se não bastasse essa notícia lá do nordeste do Brasil fico sabendo que aqui no nosso estado, na cidade de Bagé, um casal foi preso por torturar um menino de cinco anos, idade do meu filho. O guri de Bagé foi encontrado com um dos olhos fechado por inchaço e infecção, dois dentes quebrados e a orelha perfurada, além de cicatrizes antigas. É de sentir náuseas!
Fim de um ano, início de outro, momento de faxinar, de limpar, organizar e recomeçar. Porém, é tanta maldade encardindo nosso ser que não encontro alvejante para limpar. Poluição no ar, sujeira na água, agulhas no corpo, pecado no coração.
Ainda que num movimento global todos os países decidissem cuidar e limpar o mundo em que vivemos, restaria um pouco de poluição em cada canto, restariam aquelas agulhas tão fincadas nas entranhas que não poderiam ser removidas, restaria aquela sujeira de quem ergue as mãos, não para dar uma palmada corretiva, mas para torturar.
O que será de 2010? Que notícias chegarão aos nossos olhos e ouvidos? Mesmo o mais otimista dos humanos sabe que muitas agulhadas estão por vir, resta-nos a esperança no Menino que nasceu em Belém, que cresceu, morreu, ressuscitou e que agora vive como Rei, não coroado por espinhos que tal como agulhas penetraram a sua pele, mas com uma coroa incorruptível.
Pode não parecer, mas Ele reina! É certo que em meio a tantas maldades somos tentados a pensar que Jesus foi destronado. Mas é preciso lembrar que ele já havia anunciado as aflições do pecado continuariam conosco até o fim dessa presente era. Ele disse: “No mundo passais por aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (João 16.33).
Um dia chegará o fim! Ninguém sabe o ano. Pode ser a qualquer instante. Acredito que não será em 2012, pois a palavra bíblica nos diz que o dia final virá como ladrão, quando ninguém espera. A verdade é que quando esse dia chegar, teremos um reinício, um novo céu, uma nova terra! Toda lágrima será enxugada, não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor (Apocalipse 21.4) . Mas isso será apenas para aqueles cujos pecados e maldades foram limpos pelo sangue do Cordeiro de Deus (Ap.7.14), o Senhor Jesus. Não há outro jeito de mover a sujeira do pecado senão pelo sangue do Cristo.
Que em mais um ano, Jesus nos anime para vencermos as aflições e nos alegre com as bênçãos que Deus misericordiosamente sempre nos reserva ano após ano.
Pastor Ismar Lambrecht Pinz
Comunidade Luterana Cristo Redentor–
Três Vendas – Pelotas
Grato companheiro! Deus te abençoe.
Pr. Thiago Pacheco
Ano novo, vida nova
"Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha; porque o mesmo remendo novo rompe o velho, e a rotura fica maior. E ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo rompe os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; o vinho novo deve ser posto em odres novos." Marcos 2.21-22
Chegamos a mais um final de ano e outro que se inicia. Esses momentos sempre têm duas características: saudade e esperança. Lembramo-nos do que passou, fazemos uma retrospectiva, mas também projetamos o futuro e cremos que dias melhores, pela graça de Deus, virão.
O texto do evangelista Marcos nos traz essa perspectiva de viver uma novidade de vida, experimentar algo novo. Como o primeiro evangelho a ser escrito, Marcos é muito prático: “Pau, pau, pedra, pedra; e vamos que vamos”. Lá entre os anos 65 – 70 d.C. o extermínio dos cristãos em razão da perseguição romana parecia certo, por isso, Marcos é sempre muito direto e prático ao apresentar os seus relatos. Esse em especial, está num bloco maior em que ele trata da questão do jejum e das regras que eles tinham para segui-las. É nesse contexto que Jesus apresenta essas estranhas figuras, imagens sobre a vestimenta e o alimento.
Mas, como isso se relaciona conosco? Eu quero trabalhar 2 ensinamentos práticos que o texto nos apresenta para que possamos compreender a proposta de Jesus para nós no início desse novo ano: Ano novo, vida nova!
O primeiro ensinamento prático é: Ano novo, vida nova é igual a roupa nova
Nem Jesus, nem Marcos estão falando aqui sobre modelos da alta costura, desfiles de moda etc. A Bíblia está nos apresentando uma comparação muito inteligente acerca do que seja viver uma nova vida, uma nova realidade. Jesus está no meio de uma discussão acirrada sobre o porquê, a razão dos seus discípulos não jejuarem enquanto os discípulos de João Batista e os fariseus o faziam. A força da lei, o peso na norma, a experiência de anos e anos de tradição estavam pulsando naquela pergunta. Era como se eles dissessem a Jesus: “Nós sabemos que tu és profeta, já te vimos operar sinais e maravilhas, já ouvimos tua pregação. A gente simpatiza com você, queremos te seguir, mas e tudo que nós estamos acostumados a fazer? Como é que fica?”. Aquela situação incomodava as pessoas e por isso Jesus apresenta o primeiro ensinamento prático desses versículos – remendo não lavado em pano velho é igual a um estrago maior ainda. O texto grego, língua em que o Novo Testamento foi originalmente escrito, não fala sobre pano novo em veste velha, mas sobre remendo de pano não lavado sobre veste velha.
Quando compramos uma roupa nova e a lavamos, o que geralmente acontece com ela? Ela encolhe! Se colocamos um pedaço de remendo não lavado numa roupa já lavada, usada, o que acontecerá quando colocarmos pela primeira vez essa roupa na máquina de lavar ou no tanque? O remendo irá encolher, puxando os fios da roupa velha e o estrago ficará pior do que antes. Chama-me a atenção de que Jesus não está, em momento nenhum, criticando a roupa velha e dizendo que a nova é melhor, Ele só está alertando que precisamos ser coerentes com nossas escolhas e com o momento que vivemos. Se temos roupa velha, que seja remendo velho, se temos roupa nova, que seja remendo novo. Para nós as coisas devem ser assim também. Ao fazermos nossas retrospectivas desse ano, projetando o futuro, veremos que muita coisa boa aconteceu e que devemos procurar repeti-las, mas certamente identificamos, também, coisas que precisam ser mudadas, ajustes que precisam ser feitos para que a caminhada do ano que se inicia, do biênio que se inicia seja ainda mais agradável e produtiva. O que passou deve ser descartado, então? De forma nenhuma! Mas precisamos entender que ano novo, vida nova, requerem de nós hábitos novos, maneiras novas de agir, não porque o que passou fosse ruim ou pior, mas porque numa nova caminhada nossos corações e mentes precisam estar abertos às novidades de vida que Deus propõe pra nós.
Como é que fazemos isso? Dispondo-nos a perceber, a lidar, a interagir com o diferente. Trocar experiências e crescer junto, juntando o melhor de cada um, numa novo maneira de pensar e agir, dando as mãos e caminhando juntos em direção ao melhor de Deus para nós. Expressando em tudo e sobretudo o amor de Deus pelas nossas palavras e atitudes, sabendo que o Senhor da vida é Aquele que no ano novo nos dá também um nova vida.
O segundo ensinamento prático é: Ano novo, vida nova é igual a recipiente novo
Usar a figura dos odres foi outra grande expressão da criatividade de Jesus. Um recipientezinho comum, que possivelmente todas as pessoas tinham. Um saquinho, feito de couro, normalmente de cabra, porque lá em Israel não tinham bois e vacas sobrando como no Brasil. Um local para se guardar líquido, em geral água ou vinho. Algo do dia-a-dia do povo que talvez passasse tão despercebido e que por isso chamou tanto a atenção de todos que o evangelista Marcos lembrou de registrar quase 35 anos depois da morte de Jesus. É com base nesse recipiente que Jesus apresenta o segundo ensinamento prático desses versículos – não se pode encher algo que não comporta, que não agüenta o conteúdo. Jesus tratava sobre vencer os limites de uma vida religiosa rotineira e sem sentido, de práticas boas, históricas, mas que tinham perdido o sentido de serem. Porém, Ele também tratava de algo ainda maior, a revelação do Reino de Deus, proposta e implementada em Cristo não podia ser contida, restringida, guardada num grupo, ou numa prática, pois o Reino de Deus transcende, vai muito além do que imaginamos. Deus se revela como quer, onde quer, para quem quer, sempre em tempo oportuno. “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que nascido do Espírito” (cf. João 3.8)
Mas, e os odres e as nossas vidas hoje? Esse recipiente feito de couro é tratado, curtido de forma que com a desidratação do couro, ele fica isolado contra fungos e bactérias que são responsáveis pela degradação da matéria. Qual o problema então com o vinho novo nos odres velhos? O vinho novo ainda não passou totalmente pelo processo de fermentação, que é quando as bactérias e fungos transformam o açúcar em álcool e produzem assim gás carbônico que expande, pressiona o recipiente a aumentar de tamanho. O que Jesus está dizendo a nós é que se a novidade do Reino de Deus, da vida nova que Ele quer nos proporcionar, das novidades que Ele quer nos apresentar a partir deste ano que se inicia, dessa nova caminhada que termos juntos, for colocada em recipientes, formas, maneiras velhas, quando o processo de transformação de Deus em nós começar, nós seremos pressionados a nos expandir, a aumentar, e se não estivermos preparados para isso, nós romperemos. Deus deseja que sejamos novos odres, recipientes novos, transformados pela ação vivificadora do Espírito Santo, de forma que no momento da revelação renovada do Reino de Deus, nós estejamos prontos para experimentar o melhor de Deus em nós, o tempo da bonança, o tempo em que dará tudo certo, o Senhor restaurará a nossa alegria e nós vamos crescer, expandir, porque Aquele que está dentro de nós e nos impulsiona, é o mesmo que começou essa boa obra e há de terminá-la, para a Sua glória. Bendito seja o nome do Senhor!
Permita que Deus renove a sua vida e sua mente. Permita que Deus te apresente a nova vida que Ele quer te dar, nesse ano novo. Permita que Deus te reapresente a proposta do Seu Reino, que é justiça, paz e alegria para a humanidade, para toda a criação e, especialmente, para você!
Um abraço,
Pr. Thiago Pacheco
Chegamos a mais um final de ano e outro que se inicia. Esses momentos sempre têm duas características: saudade e esperança. Lembramo-nos do que passou, fazemos uma retrospectiva, mas também projetamos o futuro e cremos que dias melhores, pela graça de Deus, virão.
O texto do evangelista Marcos nos traz essa perspectiva de viver uma novidade de vida, experimentar algo novo. Como o primeiro evangelho a ser escrito, Marcos é muito prático: “Pau, pau, pedra, pedra; e vamos que vamos”. Lá entre os anos 65 – 70 d.C. o extermínio dos cristãos em razão da perseguição romana parecia certo, por isso, Marcos é sempre muito direto e prático ao apresentar os seus relatos. Esse em especial, está num bloco maior em que ele trata da questão do jejum e das regras que eles tinham para segui-las. É nesse contexto que Jesus apresenta essas estranhas figuras, imagens sobre a vestimenta e o alimento.
Mas, como isso se relaciona conosco? Eu quero trabalhar 2 ensinamentos práticos que o texto nos apresenta para que possamos compreender a proposta de Jesus para nós no início desse novo ano: Ano novo, vida nova!
O primeiro ensinamento prático é: Ano novo, vida nova é igual a roupa nova
Nem Jesus, nem Marcos estão falando aqui sobre modelos da alta costura, desfiles de moda etc. A Bíblia está nos apresentando uma comparação muito inteligente acerca do que seja viver uma nova vida, uma nova realidade. Jesus está no meio de uma discussão acirrada sobre o porquê, a razão dos seus discípulos não jejuarem enquanto os discípulos de João Batista e os fariseus o faziam. A força da lei, o peso na norma, a experiência de anos e anos de tradição estavam pulsando naquela pergunta. Era como se eles dissessem a Jesus: “Nós sabemos que tu és profeta, já te vimos operar sinais e maravilhas, já ouvimos tua pregação. A gente simpatiza com você, queremos te seguir, mas e tudo que nós estamos acostumados a fazer? Como é que fica?”. Aquela situação incomodava as pessoas e por isso Jesus apresenta o primeiro ensinamento prático desses versículos – remendo não lavado em pano velho é igual a um estrago maior ainda. O texto grego, língua em que o Novo Testamento foi originalmente escrito, não fala sobre pano novo em veste velha, mas sobre remendo de pano não lavado sobre veste velha.
Quando compramos uma roupa nova e a lavamos, o que geralmente acontece com ela? Ela encolhe! Se colocamos um pedaço de remendo não lavado numa roupa já lavada, usada, o que acontecerá quando colocarmos pela primeira vez essa roupa na máquina de lavar ou no tanque? O remendo irá encolher, puxando os fios da roupa velha e o estrago ficará pior do que antes. Chama-me a atenção de que Jesus não está, em momento nenhum, criticando a roupa velha e dizendo que a nova é melhor, Ele só está alertando que precisamos ser coerentes com nossas escolhas e com o momento que vivemos. Se temos roupa velha, que seja remendo velho, se temos roupa nova, que seja remendo novo. Para nós as coisas devem ser assim também. Ao fazermos nossas retrospectivas desse ano, projetando o futuro, veremos que muita coisa boa aconteceu e que devemos procurar repeti-las, mas certamente identificamos, também, coisas que precisam ser mudadas, ajustes que precisam ser feitos para que a caminhada do ano que se inicia, do biênio que se inicia seja ainda mais agradável e produtiva. O que passou deve ser descartado, então? De forma nenhuma! Mas precisamos entender que ano novo, vida nova, requerem de nós hábitos novos, maneiras novas de agir, não porque o que passou fosse ruim ou pior, mas porque numa nova caminhada nossos corações e mentes precisam estar abertos às novidades de vida que Deus propõe pra nós.
Como é que fazemos isso? Dispondo-nos a perceber, a lidar, a interagir com o diferente. Trocar experiências e crescer junto, juntando o melhor de cada um, numa novo maneira de pensar e agir, dando as mãos e caminhando juntos em direção ao melhor de Deus para nós. Expressando em tudo e sobretudo o amor de Deus pelas nossas palavras e atitudes, sabendo que o Senhor da vida é Aquele que no ano novo nos dá também um nova vida.
O segundo ensinamento prático é: Ano novo, vida nova é igual a recipiente novo
Usar a figura dos odres foi outra grande expressão da criatividade de Jesus. Um recipientezinho comum, que possivelmente todas as pessoas tinham. Um saquinho, feito de couro, normalmente de cabra, porque lá em Israel não tinham bois e vacas sobrando como no Brasil. Um local para se guardar líquido, em geral água ou vinho. Algo do dia-a-dia do povo que talvez passasse tão despercebido e que por isso chamou tanto a atenção de todos que o evangelista Marcos lembrou de registrar quase 35 anos depois da morte de Jesus. É com base nesse recipiente que Jesus apresenta o segundo ensinamento prático desses versículos – não se pode encher algo que não comporta, que não agüenta o conteúdo. Jesus tratava sobre vencer os limites de uma vida religiosa rotineira e sem sentido, de práticas boas, históricas, mas que tinham perdido o sentido de serem. Porém, Ele também tratava de algo ainda maior, a revelação do Reino de Deus, proposta e implementada em Cristo não podia ser contida, restringida, guardada num grupo, ou numa prática, pois o Reino de Deus transcende, vai muito além do que imaginamos. Deus se revela como quer, onde quer, para quem quer, sempre em tempo oportuno. “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que nascido do Espírito” (cf. João 3.8)
Mas, e os odres e as nossas vidas hoje? Esse recipiente feito de couro é tratado, curtido de forma que com a desidratação do couro, ele fica isolado contra fungos e bactérias que são responsáveis pela degradação da matéria. Qual o problema então com o vinho novo nos odres velhos? O vinho novo ainda não passou totalmente pelo processo de fermentação, que é quando as bactérias e fungos transformam o açúcar em álcool e produzem assim gás carbônico que expande, pressiona o recipiente a aumentar de tamanho. O que Jesus está dizendo a nós é que se a novidade do Reino de Deus, da vida nova que Ele quer nos proporcionar, das novidades que Ele quer nos apresentar a partir deste ano que se inicia, dessa nova caminhada que termos juntos, for colocada em recipientes, formas, maneiras velhas, quando o processo de transformação de Deus em nós começar, nós seremos pressionados a nos expandir, a aumentar, e se não estivermos preparados para isso, nós romperemos. Deus deseja que sejamos novos odres, recipientes novos, transformados pela ação vivificadora do Espírito Santo, de forma que no momento da revelação renovada do Reino de Deus, nós estejamos prontos para experimentar o melhor de Deus em nós, o tempo da bonança, o tempo em que dará tudo certo, o Senhor restaurará a nossa alegria e nós vamos crescer, expandir, porque Aquele que está dentro de nós e nos impulsiona, é o mesmo que começou essa boa obra e há de terminá-la, para a Sua glória. Bendito seja o nome do Senhor!
Permita que Deus renove a sua vida e sua mente. Permita que Deus te apresente a nova vida que Ele quer te dar, nesse ano novo. Permita que Deus te reapresente a proposta do Seu Reino, que é justiça, paz e alegria para a humanidade, para toda a criação e, especialmente, para você!
Um abraço,
Pr. Thiago Pacheco
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Feliz Ano Novo!
Chegamos a 2010 e diante de nós temos expectativas. O melhor de tudo é, sem dúvida, saber que Deus está e estará conosco nesses 365 dias que teremos pela frente.
Que o Senhor da vida seja sempre gracioso em nos visitar com Sua graça, amor, misericórdia e unção.
Deus nos abençoe. Feliz ano novo!
Abraços,
Pr. Thiago Pacheco
Que o Senhor da vida seja sempre gracioso em nos visitar com Sua graça, amor, misericórdia e unção.
Deus nos abençoe. Feliz ano novo!
Abraços,
Pr. Thiago Pacheco
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