domingo, 15 de novembro de 2009

SOBRE O ESPÍRITO SANTO - parte 3

Pregado na Igreja de St. Mary, Oxford, no Domingo de Pentecostes, 1736.
"Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade".
(2 Coríntios 3.17)

II
Mas aparecerá mais claramente que Ele é assim, da Segunda coisa proposta; que foi a consideração da pessoa de Jesus Cristo.

Ele foi um, a quem "Deus não deu o Espírito pela medida: mas nele habita toda a plenitude da Divindade em pessoa; e de sua plenitude nós todos recebemos, e graça por graça". Na verdade, todas as comunicações da Divindade, que algumas criaturas poderiam receber, foram sempre Dele, como a Palavra de Deus; mas tudo que esta humanidade, no estado terreno deveria receber, deveria ser Dele, através dos meios daquele corpo, a princípio mortal, como os deles, e, então, glorioso, "na semelhança de Deus", que ele tomou para si por causa deles.

No começo, a Palavra divina – sendo um Espírito que resultou do Pai, e a Palavra de seu Poder, - feito homem na imagem da imortalidade, de acordo com a semelhança do Pai. Mas ele que tem sido feito na imagem de Deus, mais tarde, tornou-se mortal, quando um Espírito mais poderoso foi separado dele. Para remediar isto, a Palavra se fez Homem, para que o homem, recebendo a adoção, se tornasse um filho de Deus, uma vez mais; para que a luz do pai descansasse sobre a carne de nosso Senhor, e brilhasse de lá junto a nós; e assim o homem, estando envolvido com a luz da Divindade, fosse conduzido até a imortalidade. Quando ele foi encarnado e tornou-se homem, ele recapitulou em si mesmo todas as gerações da humanidade, fazendo de si mesmo o centro de nossa salvação, para aquela que perdemos em Adão, até mesmo a imagem e semelhança de Deus, nós receberíamos em Jesus Cristo. Através do Espírito Santo vindo sobre Maria, e o poder do Altíssimo ofuscando-a, a encarnação ou Cristo foi forjada, e um novo nascimento, por meio do qual o homem seria nascido de Deus, foi mostrado; assim, como através de nosso primeiro nascimento, nós herdamos a morte; através deste nascimento, herdaríamos a vida.

Isto não é outra coisa do que o que Paulo nos ensina: "O primeiro homem, Adão, foi feito uma alma vivente, mas o Segundo Adão foi feito um espírito vivificante". Tudo que o primeiro homem possuiu de si mesmo, tudo que ele nos transmitiu, é "uma alma vivente"; uma natureza dotada com uma vida animal, e receptiva de uma espiritual. Mas o Segundo Adão é, e foi feito para nós, "um espírito vivificante"; através da força dele, como nosso Criador, nós fomos, a princípio, erguido acima de nós mesmos; pela força dele como nosso Redentor, novamente vivemos junto a Deus.

Nele está colocado para nós aquele suplemento de nossa natureza, do qual teremos necessidade, mais cedo ou mais tarde; e isto não pode ser compensado por alguma assistência das criaturas, ou algum aperfeiçoamento de nossas próprias qualidades: Porque nós formos feitos para sermos felizes apenas em Deus; e todos os nossos esforços e esperanças, enquanto não estivermos ávidos de nosso estado divino, - de compartilhar como verdadeiramente de Deus, quanto o fazemos da carne e sangue, para sermos glorificados em sua natureza, como temos sido desonrados em nossa própria, - são os esforços e esperanças daqueles que se enganam extremamente.

A sabedoria divina sabia qual era nossa consolação apropriada, embora nós, não. O que mais obviamente se apresenta no Salvador do mundo, do que uma união do homem com Deus? – uma união atendida com toda a propriedade do comportamento a que somos chamados, como candidatos do Espírito; tal como caminhando com Deus na singeleza do coração, auto-renúncia perfeita, e uma vida de sofrimentos, - uma união que se submeteu aos estágios necessários de nosso progresso, onde a vida divina esteve oculta, na maior parte, no secreto da alma, até a morte; no estado de separação, confortou a alma, mas não a ergueu acima da região intermediária do Paraíso; na ressurreição, vestido o corpo com qualidades divinas, e os poderes da imortalidade; e, por fim, ergueu-a para a presença imediata e mão direita do Pai. — 969 —

Cristo não é apenas Deus acima de nós; que nos pode manter em reverência, mas não pode salvar; mas ele é Emanuel, o Deus conosco, e em nós. Já que ele é o Filho de Deus, Deus deve estar onde ele está; 0e como ele é o Filho do homem, ele estará com a humanidade; a conseqüência disto é que, na era futura, "o tabernáculo de Deus será com os homens", e ele mostrará a eles sua glória; e, no presente, ele habitará nos corações deles, pela fé em seu Filho.

Eu espero que suficientemente fique aparente que "o Senhor é este Espírito". Considerando o que somos, e o que temos sido, nada menos do que o receber aquele Espírito novamente seria redenção para nós; e considerando quem esta pessoa celeste foi, e que foi enviada para ser nosso Redentor, nós podemos esperar nada menos dele.
Sermão de John Wesley

Que Deus nos abençoe,
Pr. Thiago Pacheco

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