quarta-feira, 25 de março de 2009

Escatologia - Expressões da Sociedade e da Comunidade de Fé

A sociedade moderna, ou pós-moderna, experimenta diversas influências e está constantemente exposta a elas. As pessoas, suas ideologias, ações e pensamentos perpassam o imaginário escatológico e apocalíptico, mesmo sob forte processo de secularização.As manifestações políticas e culturais das diversas sociedades são marcadas pelo imaginário do fim dos tempos, da destruição do “mundo” como o conhecemos. Por outro lado, várias sociedades crêem piamente que o mundo está melhorando e que o final dos tempos, antes certo, pode e será postergado.

Várias pessoas cometeram suicídio coletivo, na história de diversas sociedades e expressões religiosas, em decorrência do iminente final dos tempos. Na passagem do século XX para o XXI, inúmeras pessoas procuraram seus familiares distantes, promoveram reconciliações, em razão de entraves antigos, abrigaram-se em abrigos subterrâneos, venderam tudo o que tinham, fizeram “loucuras”. Todos esses acontecimentos foram motivados pela certeza da chegada do final dos tempos.
Músicas como: “A Cura”, de Lulu Santos, registram algumas das impressões escatológicas e apocalípticas que as pessoas têm, e expressam, mesmo através da arte. Por exemplo: “(...) toda certeza vã não sobrará pedra sobre pedra (...) imaginando de vez a noção, na qual se crê que o inferno é aqui (...)”. Outra expressão musical que faz referência ao imaginário debatido nesse trabalho é “Água de Luz”, de Djavan: “(...) fogo cuspiu, labareda, flora no mato, vereda, prata boiando nas águas do luar, clarão da espada afiada, a morte um dia há de chegar (...)”. Também podemos citar uma música muito conhecida em nossas igrejas, que diz: “Um dia lindo almejo eu encontrar, a eterna glória que prometida está. Gozo e alegria posso, então, sentir, pois Jesus Cristo já está por vir. Jesus virá, outra vez, aqui, Jesus virá mais outra vez aqui”.

Muitas abordagens teológicas partem da esperança vindoura, num outro mundo. Todavia, algumas teologias já partem da vida, e isso as leva a propor que Deus não interromperá a história da humanidade, mas interferirá nela. As perspectivas de promoção da vida e luta entre o bem e o mal se chocam constantemente na mente das pessoas, e na forma como elas lidam com a esperança futura.
Enquanto figuras públicas como Dalai Lama empenham-se em defender a vida e lutar pela promoção da paz, baseadas numa escatologia progressiva, personagens como George W. Bush se esmerem em se posicionar numa luta interminável entre o bem e o mal, mesmo em detrimento da vida de milhares de pessoas.

De certo, os momentos históricos são marcados por escatologias diferentes. Não há como imaginar uma escatologia diferente da de interrupção, manifesta nas músicas dos escravos. Que outra esperança haveria para eles que não uma redenção num outro mundo? Nos dias atuais, em tempos de “paz”, que razão há para se testemunhar uma escatologia que reforce a volta de Jesus Cristo e a redenção final no “céu”?

E você? O que pensa sobre tudo isso?

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