domingo, 5 de julho de 2009

AMA E FAZE O QUE QUISERES

O anúncio de um novo homem, “a uma nova criatura em Cristo”, é a primeira e fundamental resposta da fé cristã ao problema ético.

O último texto dessa seqüência de resumos críticos nos traz uma inquietação logo em seu título: Ama e fazes o que quiseres! Tal afirmação, imediatamente, nos direciona ao sentimento de se estar “entre a cruz e a espada”, afinal, se dizemos que amamos, mas fazemos o mal, sob a afirmação acima, podemos ser questionados se realmente amamos. Por outro lado, se amamos somos, naturalmente, impulsionados a pensar no outro e aí: Como fazer o que quiser?

Segundo o autor, a problemática tem seu cerne na incompatibilidade das ações da hu-manidade cristã, com os dogmas teológicos e filosóficos que ela defende como regra de conduta e fé. Para o autor, José Bonino: “Houve cristãos nazistas e antinazistas; há os socia-listas e capitalistas; uns rejeitam e outros aceitam o divórcio (...) O comportamento do “novo homem” não parece, portanto, suficientemente determinado”. Assim sendo, por falta dessa determinação levantada pelo autor, como podemos esperar que haja, também, uma congruência de idéias e ações relativas à ética? Seria essa esperança uma mera utopia demagoga?

BONINO apresenta algumas pistas aos questionamentos anteriores, ao elencar os pa-radigmas do amor como A Obediência à Lei de Deus. Ele os apresenta como qualidades intencionais e ativas, que alicerçam os relacionamentos interpessoais e intrapessoais do se humano. Jesus Cristo, paradigma central, nos aponta a direção desse amor: o próximo. Sob esse fundamento primeiro, a Lei emerge como diretriz ao iluminar o caminho do amor, traduzindo-o como: honra, justiça, respeito, proteção, restituição, liberdade etc.

Visto que Jesus era, terminantemente, contrário ao legalismo, o Apóstolo Paulo e as demais epístolas do Novo Testamento nos ajudam a entender melhor o papel da lei como “palavras do Senhor” . Cremos que a própria expressão por si já revela a profundidade e amplitude do conceito. Todas essas abordagens são, na verdade, formas de elencar as quali-dades, ou, como alguns textos do Novo Testamento apresentam, as obrigações e virtudes dos crentes. “As virtudes são ‘frutos do Espírito’” e, essas virtudes, são consideradas a maneira de reconhecer aqueles e aquelas que foram associados à nova classe de vida que é oferecida por Cristo.

Apesar de tudo isso, como é que se percebem tantas diferenciações entre o que os/as cristãos/as devem fazer e o que eles/as normalmente fazem? Como decidir pelo que é correto? “O cristão é uma pessoa integrada em uma unidade que o inclui” , logo, ele deve pautar suas ações sob o imaginário coletivo. Dessa forma, traçando suas decisões do coletivo para o individual, suas ações serão eticamente coerentes.
Essa coerência vislumbra Cristo no exercício da constituição e guia da comunidade; além da presença ativa do Espírito Santo, que auxilia na compreensão e interpretação dos paradig-mas do amor.

Amas e fazes o que quiseres! Sob a perspectiva do autor, não é uma frase que gera te-mor, mas que inspira e motiva os/as cristãos/as, sob os ensinamentos de Jesus e a ação di-namizadora do Espírito Santo, a refletir e pautar seus pensamentos e suas ações nos padrões éticos do Reino de Deus; transmitindo-os, partindo do comunitário para o individual, gerando vida abundante para todos.

“A vida é, para o cristão, um caminho (...) não é uma simples obra de sua criatividade (...) trata-se de uma aventura de fé.” . Sobre esse alicerce, a fé cristã pode responder aos di-versos problemas éticos que a contrapõe de forma sábia e vivificante.

REFERÊNCIAS
MIGUEZ BONINO, José. Ama e faze o que quiseres. São Bernardo do Campo: Imprensa Metodista, 1982. p. 87-118.

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