sexta-feira, 3 de julho de 2009

A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO ÉTICO

¿Dónde está la justicia de infligir los males más severos a quienes no nos han hecho ningún mal? (John Wesley)

O presente resumo se propõe a trabalhar a temática da ética, baseado no texto do Prof. Dr. Rui de Souza Josgrilberg: A constituição do sujeito ético. Para isso, iniciamos citando o fundador do movimento metodista em uma de suas reflexões. Sobre tal questionamento po-deríamos deferir diversas interpretações, mas, vislumbrando a ótica da ética, parece-nos plausível dizer que essa, em seu sentido mais amplo, está diretamente relacionada à justiça e promoção da vida plena, de toda a criação.

O professor JOSGRILBERG inicia seu texto delimitando alguns termos importantes para a compreensão plena de seu artigo, são eles: sujeito, sujeito ético e sujeito ético cristão. Tais apontamentos permitem que as opiniões do autor, acerca da ética, sejam mais bem compreendidas e, claramente, assimiladas.

Segundo o autor: “sem o outro não somos nada”. Com essa afirmação, ele inicia suas ponderações acerca da constituição do sujeito e nos remete à questão: É possível ser considera-do sujeito sem essa relação social/comunitária? Segundo o dicionário Houaiss, sujeito é: “pes-soa indeterminada ou cujo nome não se diz; que se submete ao poder ou à vontade dos ou-tros”. Sob a definição semântica da palavra poderíamos defender a posição de que um sujeito é uma pessoa (um ser humano), mesmo que esse não esteja em processo de relacionamento com ninguém mais que si mesmo. Por outro lado, ao submeter-se ao poder ou vontade alheia, a relação social se estabelece, ainda que, não desejamos entrar no mérito da questão, essa relação seja não-saudável. Mas, sendo assim, por que então o autor levanta a afirmação acima?

Para JOSGRILBERG, nossas heranças fisiológicas, psicológicas, culturais e religiosas vêm do outro. Logo, herdamos tudo das relações que se estabelecem desde que somos gera-dos. Refletimos nossos pais, familiares, amigos e instituições. Somos, portanto, o outro, por assim dizer. Seria um equivoco afirmar isso? Segundo o autor, poderíamos pensar que tal afirmação não é equivocada, já que ele diz: “O desenvolvimento está condicionado à presença de outros”. Se tal relação é intrínseca e inseparável, a priori, poderíamos, certamente, dizer que somos nada mais nada menos que o reflexo do outro, ou dos outros.

Porém, esse viés de pensamento induz a um erro, afinal, somos, como sujeitos, seres pensantes e autônomos (capazes de determinar as próprias normas de conduta), em nossas tomadas de decisões. Isso se percebe na afirmação de JOSGRILBERG, ao dizer: “o sujeito ético avalia (grifo próprio) a partir de um mundo com universalidade abrangente (...)”. Por-tanto, o sujeito ético se forma na relação, avaliação e re-elaboração, com o outro, mas, também, consigo mesmo. Poderíamos então sintetizar essas questões, dizendo que: o “conjunto de preceitos sobre o que é moralmente certo ou errado” forma-se na re-significação constante das relações interpessoais do sujeito ético consigo mesmo e com as demais pessoas.

Emerge, então, a questão acerca do sujeito ético cristão. Para JOSGRILBERG, esse sujeito deve, de igual maneira, ser analisado como parte integrante do enredo de relações, mas, com pressupostos fundamentados nas narrativas bíblicas. Para ele, as narrativas bíblicas formam o terreno de organização de muitos egos através do tempo e da história. As relações de identidade engendram uma “colcha de retalhos” cultural, política, econômica e religiosa na vida cotidiana das pessoas. Portanto, a expressão ética, do sujeito ético cristão se dá à medida que a experiência transcendental corre, através da relação desse sujeito com Deus.

Retornado ao questionamento de WESLEY: Por que então deferir pesados ataques maléficos contra quem não nos fez nada? Segundo JOSGRILBERG, em seus apontamentos sobre a construção do sujeito ético, isso se dá pela má formação e re-significação da ética e suas vertentes. Isso permanece pela indiferença dos sujeitos éticos cristãos, que pautados pelas relações pessoais consigo, com as pessoas ao seu redor, com Deus, e pelos parâmetros das Escrituras Sagradas, não exercem mudança de mente na sociedade que os cerca.

Por fim, a construção do sujeito ético se dá no aprofundamento amplo das diversas re-lações interpessoais desse sujeito, pois: “a grande tarefa da ética não se reduz às condições de responsabilidade individual, mas à criação de uma sociedade responsável.”

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