segunda-feira, 4 de maio de 2009

A sabedoria popular, sob a ótica do humor e da ironia, expressa nos provérbios bíblicos e ditos populares, pode ser percebida através da utilização da ferramenta da análise do discurso. Assim é possível explicitar as peculiaridades irônicas e humorísticas que perpassam as expressões sapienciais e culturais.

Os ditos e provérbios populares são expressão da sabedoria popular e, que como tal, contém as estratégias educacionais do lúdico, do humor e da ironia.

O francês Antoine de Saint-Exupéry, autor de O Pequeno Príncipe, um dos mais co-nhecidos clássicos da literatura mundial, registrou uma verdade que, de tão simples, esvai-se no tempo do esquecimento: ser sério contrapõe, em geral, o ser alegre.
Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão contas. E o dia todo repete: “Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!” E isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo!

A alegria, segundo o dicionário Houaiss é: “estado de satisfação ou prazer; contenta-mento”. Esse estado ao qual nos referimos é inerente a todo ser humano, mas, constante-mente, suprimido pela perspectiva da formalidade social incutida no imaginário das pessoas; principalmente daquelas que se dedicam à posições de destaque nos mais diversos organismos integrantes da sociedade atual.

O humor – “estado de espírito; graça; comicidade” é um poder simbólico, ou seja, “poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem” . Essa qualidade é um dos grandes fatores caracterizadores do ser humano, em especial, da sociedade brasileira. A ironia – “sarcasmo; modo de expressão da língua em que há um contraste proposital entre o que se diz e o que se pensa” é parte desse poder invisível, do qual as pessoas se utilizam na fomentação e compartilhamento de idéias e princípios.

Ambos os elementos são membros da cultura brasileira, em destaque, e dialogam entre si, bem como com os demais elementos do qual essa cultura é dotada. Como relacionar esta reflexão à reflexão teológica? Dentre os muitos caminhos, uma leitura do humor nas Sagradas Escrituras revela-se interessante.

As Sagradas Escrituras, ou a Bíblia, são a regra de fé e conduta das pessoas que aderi-ram ao Cristianismo. A Bíblia é “o livro sagrado que compreende o Antigo e Novo Testa-mentos”. Segundo Mack B. Stokes, em sua obra As Crenças Fundamentais dos Metodistas: “Cremos na Bíblia e a exaltamos como o Livros dos livros” . Já para o Colégio Episcopal da Igreja Metodista, seus pastores e pastoras devem considerar a Bíblia como: “regra de fé e prática, registro inspirado e autorizado da revelação de Deus.” Num país como o Brasil, predominantemente católico romano, e com um índice de crescimento no número de protestantes, segundo nos afirma Ronaldo de Almeida, em seus estudos sobre o Trânsito Religioso no Brasil; e Religião na Metrópole Paulistana; a Bíblia, e os princípios por ela difundidos são elemento primordiais da cultura brasileira.

Poderíamos nos questionar a cerca da conectividade entre o humor, a ironia e as Sa-gradas Escrituras. Por certo, esses elementos se co-relacionam no âmbito cultural do imaginário comum do povo brasileiro, conforme notamos no discorrido acima, e na expressão sapiencial desse povo, verificada nos Ditos Populares, que se equivalem aos Provérbios Bíblicos.

Sem qualquer tentativa de diminuir a importância das Sagradas Escrituras, faço esses apontamentos para motivar os/as amigos/as a utilizarem essas ferramentas como estratégia de ensino e promoção da alegria.

Abraços.

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